O presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Privada (Abrapp), José Souza de Mendonça, criticou nesta segunda-feira (9) a participação de fundos de pensão em investimentos em infraestrutura no País. Para o executivo, pressões políticas têm influenciado o interesse de algumas fundações em entrar no negócio.
"Não vejo aplicação que justifique o risco que se corre (...) Isso é mais pressão política do que desejo dos fundos", afirmou Mendonça em referência ao chamado "fundo noiva", em que a Petros e a Funcef se comprometeram com a Caixa Econômica Federal, o BB Banco de Investimento e a BNDESpar (braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em aportar até R$ 12 bilhões nos consórcios vencedores de licitações de rodovias e ferrovias a serem feitas pelo governo.
Para o executivo, o risco hoje de se aplicar em infraestrutura no País é muito grande pelas constantes mudanças de regras. Ele citou os recentes protestos populares, que resultaram em uma redução na tarifa de pedágio de rodovias.
"Na hora que precisa captar, (o governo) promete até amor, mas, na hora de pagar, esquece tudo", afirmou. Por isso, Mendonça considera perigoso, especialmente para as pequenas e médias fundações, investimentos em infraestrutura até que haja uma mudança de regras que ofereça maior garantia de que o retorno acertado será obtido.
O presidente do conselho da Abrapp, Fernando Pimentel, concorda com as avaliações de Mendonça e ressalta que os contratos atuais oferecem insegurança jurídica, visto que abrem a possibilidade para mudanças na política de preços firmada.