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Queda nas vendas

Abrinq diz que vai processar Mattel

A Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) informou nesta quinta-feira (16) que vai processar a empresa norte-americana Mattel por conta do recall de 850 mil brinquedos no Brasil.

Segundo o presidente da entidade, Synesio Batista da Costa, a retirada de brinquedos do mercado, anunciada pela empresa na terça-feira (15), prejudica a imagem do setor e pode provocar queda nas vendas.

"É uma posição de defesa do mercado brasileiro de brinquedos. Se o consumidor deixar de comprar brinquedos, vou querer que a empresa se responsabilize legalmente por isso", afirmou Costa ao G1. Procurada pela reportagem, a Mattel informou que não irá se pronunciar sobre o assunto.

A empresa norte-americana anunciou o recall de 850 mil brinquedos vendidos no Brasil – 21,8 milhões de peças em todo o mundo. Os produtos contêm ímãs que poderiam se soltar e ser engolidos pelas crianças.

Fabricantes ainda não notam prejuízo

Para o diretor de marketing da Estrela, Aires Leal Fernandes, a notícia do recall "maculou" o setor de brinquedos nacional. "Infelizmente, o fato do maior grupo de brinquedos não ter controle de qualidade adequado é bastante significativo". Ele minimizou, no entanto, os efeitos sobre a indústria nacional. "A criança não vai deixar de brincar", disse.

Segundo Fernandes, a Estrela não sentiu qualquer redução nas encomendas por conta do recall. Na Brinquedos IFA, do interior paulista, a notícia também ainda não prejudicou os negócios. "Não teve redução do volume de encomendas", informou a gerente de marketing Rita Rugolo.

Da China para o Brasil

O foco das preocupações está na China: os produtos retirados do mercado pela Mattel têm sua fabricação terceirizada no país – hoje o maior fabricante mundial de brinquedos. Segundo um órgão do país responsável por zelar pela segurança dos consumidores, mais de 20% dos brinquedos e roupas para bebê fabricados na China não atendem aos padrões de qualidade.

No Brasil, boa parte dos brinquedos que chegam às prateleiras das lojas são fabricados na China. Segundo dados da Abrinq, cerca de 33% dos brinquedos vendidos legalmente no país – uma indústria que movimenta R$ 1 bilhão anualmente – são produzidos por lá.

Nos últimos anos, os grandes fabricantes nacionais de brinquedos também adotaram a fórmula chinesa. Na Estrela, cerca de um terço da coleção é importada, ou tem partes e peças produzidas no país asiático. Na Gulliver, cerca de 70% dos produtos também são importados, em sua maioria da China.

As empresas nacionais, no entanto, afirmam que esses importados não apresentam quaisquer problemas para os consumidores. "Todos os componentes que vêm de terceiros, embalagem, matéria prima, motor, componentes, são testados por nós. Isso limita a quase zero a possibilidade de ter produtos em desacordo com as normas de segurança", diz Fernandes.

O diretor comercial da Gulliver, Paulo Benzatti, também nega a possibilidade dos brinquedos com a marca da empresa apresentarem problemas. "Nosso produto está rigorosamente dentro das normas brasileiras de fabricação de brinquedos", diz.

Segundo Synesio Costa, da Abrinq, o sistema brasileiro de controle de qualidade é "blindado" e garante a qualidade dos produtos que chegam ao consumidor. "Nós tomamos cuidados obrigatórios por lei", diz.

Inmetro nega problema

Procurado pelo G1, o Inmetro nega que os produtos da Mattel infrinjam as normas brasileiras de qualidade. Segundo Gustavo Kluster, gerente da área de avaliação de conformidade, a retirada do produto do mercado está sendo feita por vontade da própria empresa como medida preventiva. "Em princípio, sob as normas internacionais, nenhuma falha foi encontrada nos brinquedos", diz.

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