A Apple continua no topo da lista das maiores companhias americanas em valor de mercado, avaliada em cerca de US$ 590 bilhões, mas o ano que passou não foi dos melhores para a fabricante de iPhones. Pela primeira vez desde 2008, as ações da empresa liderada por Tim Cook fecharam em baixa. A desvalorização foi de 4,64%, a US$ 105,26, o que representa aproximadamente US$ 57 bilhões de perda no valor de mercado da empresa.
Desde o pico registrado em 28 de abril de 2015, quando os papéis foram cotados a US$ 134,54, a queda foi de 21,76%. Para analistas, o mau desempenho, sobretudo no segundo semestre, deve-se à preocupações sobre a saturação do mercado de smartphones nos EUA e na Europa e aos resultados abaixo do esperado na China, onde o iPhone enfrenta forte concorrência de fabricantes locais. A decepção com o Apple Watch e a retração nas vendas de iPads também contribuíram para o mau humor dos investidores.
“Eu acho que as flores estão perdendo um pouco da cor para a Apple. Não apenas em termos de quanto os investidores querem pagar, mas em termos de produtos”, disse Dan Ives, analista de tecnologia da FBR Capital Markets, em entrevista à CNBC. “É um período de tudo ou nada para a Apple.”
E as previsões para este ano não são das melhores. Em dezembro último, a analista Katy Huberty, do banco de investimentos Morgan Stanley, revisou para baixo as previsões de vendas do iPhone. Segundo ela, a Apple vai registrar retração de 5,7% no número de unidades comercializadas no ano fiscal de 2016. É a primeira queda desde o lançamento do produto.
No primeiro ano de vendas, em 2007, a Apple vendeu 1,4 milhão de iPhones e, desde então, o volume não para de crescer. Em 2012, foram 125 milhões de unidades vendidas e, em 2015, a estimativa é de 231 milhões de aparelhos. Segundo o Morgan Stanley, no ano fiscal de 2016, 218 milhões de iPhones serão vendidos, bem abaixo da previsão anterior, de 247 milhões.
“Vimos um grande golpe por causa de notícias sobre a desaceleração das vendas de iPhones”, disse Erin Gibbs, diretora de Investimentos da S&P Investment Advisory. “Mas sabemos que, apesar de as vendas do iPhone representarem cerca de dois terços das receitas, espera-se crescimento futuro para outros produtos, como Apple Watch e iPad.”
No ano passado, a Apple lançou dois novos iPhones, o Apple Watch, o iPad Pro e o serviço de streaming Apple Music.