Envolvida em uma série de denúncias de corrupção que a impediram de divulgar seu balanço referente ao terceiro trimestre do ano passado, a Petrobras viu suas ações desabarem ontem ao menor valor desde 2004, na esteira do tombo nos preços do petróleo no exterior.
O movimento da estatal pressionou o principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, que fechou o dia com desvalorização de 2,05%, para 47.516 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,491 bilhões acima do volume médio diário em janeiro, de R$ 5,221 bilhões, segundo dados da BM&FBovespa.
As ações preferenciais da Petrobras, sem direito a voto, perderam 8,01%, para R$ 8,61 cada uma. É o menor valor desde 21 de maio de 2004, quando valiam R$ 8,40. Já os papéis ordinários da estatal, com direito a voto, encerraram o pregão em queda de 8,11%, para R$ 8,27 preço mais baixo desde 30 de setembro de 2004, quando estava em R$ 8,23. No final do ano passado, essas ações já haviam atingido seus menores níveis em mais de dez anos.
Em Londres, o contrato mais negociado do barril de petróleo Brent caía 5,30%, às 17h30 (de Brasília) para US$ 53,43. Já o contrato mais negociado do petróleo em Nova York cedia 4,59%, para US$ 50,27 mais cedo, a cotação esteve abaixo de US$ 50 por barril, menor valor desde meados de 2009.
"No curto prazo, o que mais afeta as ações da Petrobras é o escândalo de corrupção dentro da empresa e seu impacto no balanço da companhia. Mas, no longo prazo, a cotação do petróleo prejudica bastante a petroleira. Dependendo do nível que o preço se estabilizar, pode até inviabilizar o pré-sal", disse Fernando Góes, analista da Clear Corretora.
Para Góes, o nível mais baixo das commodities no exterior "veio para ficar", e deve continuar pesando negativamente os mercados. "É um grande impulsionador de PIB para os EUA, mas ruim para as economias emergentes bastante dependentes das commodities, como Rússia e Brasil." A avaliação de Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora, é que a deterioração da crise grega, somada à queda do petróleo, traz um cenário negativo aos mercados de ações globais "pelo menos ao longo do primeiro trimestre" de 2015.