São Paulo - A ação preferencial da Telebrás desvalorizou-se 13,6% ao fim do pregão de ontem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), em meio a mais um capítulo sobre a possível reativação da estatal que havia caído no ostracismo após as privatizações dos anos 1990. O papel da empresa, negociado por R$ 1,46 no encerramento das operações, foi alvo de R$ 76,45 milhões no dia. Desde janeiro, o giro médio diário dessa ação estava em torno de R$ 1 milhão.
Os papéis da empresa já sofreram várias oscilações violentas nos últimos meses, em meio a rumores, confirmações e desmentidos sobre a reativação de sua rede para o projeto do governo de banda larga (internet de alta velocidade). Ainda assim, no ano eles acumulam uma alta de 94,7%.
Conforme reportagem publicada ontem pelo jornal Folha de S. Paulo, o Tesouro Nacional emitiu uma nota técnica em que condena os planos de retorno da Telebrás pelo governo Lula. Trata-se da segunda autoridade ligada ao Poder Executivo que se opõe à ideia. Na semana passada, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, já levantara publicamente restrições a que a estatal seja reativada.
Risco jurídico
Desde que o setor foi privatizado, em 1998, a função da Telebrás é administrar dívidas e pagá-las com receitas que obtém por meio das aplicações de seus recursos no mercado bancário. Para o Tesouro, a estatal está exposta a muitas ações judiciais (era ré em 1.189 ações até o fim de 2009), o que cria o risco de "contaminar" os ativos que seriam usados no programa oficial de banda larga. A Casa Civil da Presidência da República, no entanto, parece não estar convencida dos argumentos contrários ao retorno da estatal.
Prós e contras
O Ministério da Fazenda, por sua vez, divulgou ontem um comunicado no qual diz que a implementação do Plano Nacional de Banda Larga ainda é um tema em discussão no âmbito do governo e que qualquer ação que implique gastos tem de ser avaliada pelo Tesouro, mas nega que uma decisão sobre o assunto já tenha sido tomada . "Tanto a reativação da Telebrás quanto a criação de uma nova empresa apresentam prós e contras que devem ser apreciados na discussão que ainda não se encerrou sobre essa matéria", diz o documento emitido pela Fazenda.