As ações do Pão de Açúcar voltavam a apresentar forte queda nesta quarta-feira, registrando, como na véspera, a maior queda entre os papéis que integram o Ibovespa.
Os papéis do maior varejista do país ainda refletiam as dúvidas de investidores quanto às divergências desencadeadas desde a última semana entre os controladores do grupo.
Às 11h08, as ações da companhia perdiam 3,97 por cento, cotadas a 60,70 reais, enquanto o principal índice da bolsa paulista tinha baixa de 0,4 por cento. Na terça-feira, as ações da empresa caíram 4,37 por cento.
O grupo francês Casino informou na terça que entrou com pedido de arbitragem internacional junto à Câmara Internacional de Comércio (ICC) contra a família Diniz, com quem divide o controle do Pão de Açúcar.
O Casino alertou Abilio Diniz, presidente do Conselho de Administração da varejista, quanto a uma possível negociação de fusão com o rival Carrefour no Brasil às escondidas, afirmando que uma abordagem do tipo desrespeitaria um acordo de sócios existente.
"Os rumores sobre Abilio Diniz e Carrefour discutindo uma fusão no Brasil devem ser verdadeiros, caso contrário o Casino não teria entrado com o pedido de arbitragem", afirmou o analista Ricardo Boiati, do Bradesco, em relatório.
Segundo ele, o fato de os controladores entrarem em conflito é negativo para o Pão de Açúcar, resultando na queda das ações.
"Essa tensão aumenta as incertezas quanto às perspectivas da companhia e também pode impactar suas operações, caso a diretoria se distraia e seja afetada de alguma forma", acrescentou.
Na terça-feira, o Pão de Açúcar afirmou ter conhecimento do pedido de arbitragem internacional, mas disse não haver nenhum fato que exigisse um posicionamento do grupo enquanto empresa.
Em nota no final do dia, Abilio Diniz disse não ter recebido qualquer "comunicação a respeito do pedido de arbitragem" até aquele momento. "Não descumpri qualquer disposição dos acordos de acionistas, nem dos demais contratos celebrados entre os acionistas controladores", afirmou Diniz.
Diniz e Casino criaram a holding Wilkes em 2005, por meio da qual controlam seus interesses no Pão de Açúcar. A Wilkes detém cerca de 66 por cento do poder de voto no Pão de Açúcar, além de indicar membros da diretoria e definir estratégias de forma unânime.
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