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Empreendedorismo

Aceleradoras: um caminho mais curto até o investidor

 | Hugo Harada/Gazeta do Povo

O interesse de investidores por startups, como são chamadas as empresas de tecnologia em estado inicial, tem fomentado a criação de outro nicho de negócio no país: o das aceleradoras. Essas companhias atuam no estágio mais embrionário dos empreendimentos, fazendo aportes menores (geralmente de R$ 20 mil a R$ 50 mil) e dando consultoria aos executivos das startups. A maior parte delas estão no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas há outras iniciativas pelo país, como a Supernova, fundada no ano passado em Curitiba, que está com inscrições abertas para empreendedores paranaenses.

Além de ser uma ponte para startups estrangeiras entrarem no país, as aceleradoras ajudam a qualificar os empreendedores e investidores locais, algo que ainda é necessário no país, segundo Frederico Lacerda, sócio-fundador da 21212, aceleradora que leva o nome dos códigos de área telefônica do Rio e Nova York, onde tem escritórios. "Há ainda uma dificuldade de desenvolver os talentos locais em startups de sucesso", analisa.

A 21212 ajudou a lançar 19 negócios no mercado brasileiro, em duas turmas de startups "aceleradas" em um ano e meio – tempo em que Lacerda já notou evolução na relação entre empreendedores e investidores. "Na nossa primeira turma, levantamos R$ 2 milhões em recursos, com aportes de até R$ 50 mil nas empresas. Na segunda leva, as empresas receberam R$ 6 milhões", conta. Normalmente, em contrapartida, as aceleradoras ficam com uma participação de 5% a 20% do capital da startup.

Teste

Para a startup, a fase de aceleração é como um teste de estresse sobre o modelo de negócio. Nos poucos meses em que o empreendedor é confrontado com pessoas do mercado, ele vai perceber se sua empresa tem ou não a capacidade de ter o crescimento rápido, necessário para atrair novos e maiores investimentos.

"A primeira coisa que fizemos quando entramos na aceleradora foi mudar o nome da empresa e o público-alvo. Tínhamos o nome de Vital Cred e estávamos havia quatro anos no mercado de saúde", diz Marcio Campos, diretor-presidente da empresa de intermediação de pagamentos PagPop, que participou da primeira turma acelerada pela 21212, em julho do ano passado.

Depois de mudar para PagPop e focar um público mais geral, a companhia conseguiu ampliar a sua base de clientes de quatro mil, no fim de 2011, para 25 mil. O crescimento chamou a atenção de grandes fundos como o Intel Capital, que em outubro fez um aporte na empresa.

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Vitor Torres, fundador da aceleradora Supernova

Com foco nas startups paranaenses, a aceleradora Supernova recebe inscrições para a primeira turma de empreendedores até o dia 25 de janeiro. A empresa é a primeira de Curitiba a atuar neste formato e foi idealizada por Vitor Torres em agosto do ano passado. Durante os seis primeiros meses, o fundador buscou parcerias para a aceleradora, para agora entrar na fase de inscrições. Entre as diferenças da Supernova em relação às demais aceleradoras do Brasil, Torres cita a oferta de estadia a empreendedores em Curitiba durante os seis meses de programa e uma participação societária menor na empresa em fase embrionária, de 4%. A aceleradora já recebeu a inscrição de 50 projetos e são esperadas até 80 iniciativas, das quais serão selecionadas entre cinco e dez para serem aceleradas e colocadas em contato com investidores. O fundador da Supernova conversou com a reportagem para analisar o cenário das startups paranaenses e para falar do processo seletivo da empresa.

A Gazeta do Povo já noticiou que um dos principais impasses entre investidores-anjo e empreendedores no Paraná é a falta de entrosamento entre as duas partes. Como você avalia o cenário?

De fato, há uma falta de maturidade entre os empreendedores na relação com os investidores. Muitas vezes eles temem passar determinadas informações para quem vai investir e acabam informando dados que não interessam ao investidor.

É para melhorar essa relação que a aceleradora atua?

Sim. É bom para os dois lados. O empreendedor vai receber orientações de mentores para saber como interagir com o investidor, como apresentar seu projeto e garantir o investimento. Para o investidor, a aceleradora também é muito boa porque é uma pré-seleção já foi feita e a startup já está mais "redonda". É uma encurtadora de caminhos.

Quais as condições para um empreendedor se candidatar ao processo seletivo e receber investimento de uma aceleradora?

As aceleradoras de startups buscam uma empresa embrionária de tecnologia que tenha condições de produzir em escala, que consiga aumentar a receita sem que os custos aumentem na mesma proporção. No caso da Supernova, buscamos pessoas que tenham disposição para estar no escritório ao menos duas vezes por semana, que tenham uma ideia e vontade de empreender. São seis meses de total imersão para que o empreendedor faça seu negócio dar certo.

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