A maioria dos acionistas das empresas do Grupo Oi aprovou nesta segunda-feira (27) a reorganização societária do grupo, colocando fim a um processo anunciado em maio do ano passado, depois de outras tentativas fracassadas, para simplificar a intrincada estrutura da empresa de telecomunicações. Às 17h30, as ações preferenciais da holding Tele Norte Leste Participações subiam 1,25 por cento, enquanto as da Brasil Telecom (BrT) exibiam ganho de 1,91 por cento. O Ibovespa caía 0,93 por cento. O presidente da Oi, Francisco Valim, afirmou que a reestruturação vai dar mais capacidade à empresa de buscar acesso aos mercados de capitais para financiar o crescimento. Recentemente, a Oi, atrás da sua subsidiária Brasil Telecom, captou 1,5 bilhão de dólares em uma emissão de títulos no exterior e está em processo de emissão de 2 bilhões de reais em debêntures. "Estamos ampliando investimentos na companhia e sua nova estrutura societária favorece este processo", disse Valim em teleconferência com jornalistas. A expectativa é que os investimentos da companhia em 2012 e nos próximos anos coloquem o grupo em posição de competição no mínimo igual à de seus concorrentes, afirmou o executivo. Segundo Valim, a companhia deve detalhar planos de investimentos em evento com acionistas em abril, "assim que estiver finalizado o processo de consolidação" do grupo. No mesmo evento, a Oi também deve divulgar sua política de dividendos para os próximos três anos, de acordo com o diretor financeiro do grupo, Alex Zornig. Com um "peso" a menos, a companhia pode agora dar mais atenção ao lado operacional da Oi e se focar em novos negócios. "Sem dúvida tirar esse obstáculo da frente simplifica muito a nossa vida", afirmou o presidente da Oi. A Oi deve divulgar seus resultados no fim de março, e analistas têm previsto números fracos na comparação com seus principais concorrentes listados -TIM Participações e Telefônica Brasil. A reestruturação vai gerar ganhos em torno de 100 milhões de reais por ano em sinergias operacionais e simplificações, avaliou Zornig. Apoio dos acionistas Segundo os executivos da Oi, o processo de reorganização societária obteve amplo apoio dos acionistas. "O percentual de acionistas que votou contra foi muito pequeno", afirmou Zornig. Já Valim disse que esse percentual é de um dígito. "Não houve disputa com minoritários, não houve contingente maior do que 3 a 4 por cento que se posicionou contrário." Mas, segundo o site de debates e informações para acionistas minoritários Transparência e Governança, apoiado pela gestora de fundos Polo Capital, acionista da BrT, 90 por cento dos minoritários da BrT foram contra a operação de incorporação da Telemar pela BrT. Os principais acionistas que votaram contra a operação foram, além da Polo, as gestoras Tempo Capital, Argucia, Pragma, Mauá, Credit Suisse Hedging-Griffo e a Franklin Templeton, de acordo com a assessoria da Transparência e Governança. Na semana passada, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) negou a maioria das reclamações e pleitos de investidores a respeito da reorganização societária da Oi. Operação Nas AGEs, os acionistas das companhias do grupo votaram a favor da operação que envolve a incorporação das ações da Telemar Norte Leste, além da incorporação das empresas Coari e Tele Norte Leste Participações, pela Brasil Telecom, segundo comunicado. A reestruturação vai acarretar na emissão de 395.585.453 novas ações ordinárias e 798.480.405 novos papéis preferenciais da Oi S.A., e o capital da nova empresa passará a ser de 6,816 bilhões de reais. O processo, segundo Valim, representa um marco para a companhia, que vai gerar valor aos acionistas por permitir um melhor "alinhamento dos interesses", e ao dar mais possibilidade de liquidez aos futuros novos papeis e, futuramente, a um "adoção geopolítica de dividendos". A Oi anunciou em maio de 2011 o plano para concentrar sua estrutura acionária dentro da BrT, que terá sua denominação social alterada para Oi S.A. Os códigos das ações serão "OIBR3" (ordinária) e "OIBR4" (preferencial) na bolsa paulista. Zornig estima que na primeira metade de abril esses novos códigos já devem estar sendo negociados. Tentativas anteriores de simplificar a estrutura da companhia haviam esbarrado na resistência de acionistas minoritários. Também foi aprovado pelos acionistas o pagamento de bonificação das ações preferenciais para acionistas da BrT, no valor aproximado de 1,5 bilhão de reais, ou 2,54 reais por ação. Não houve alteração ao que foi proposto inicialmente em maio de 2011, ressaltou Valim.
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