Acionistas da Embraer aprovaram, nesta terça-feira (26), a parceria estratégica com a Boeing, em Assembleia Geral Extraordinária. A decisão libera a criação de uma nova empresa de aviação comercial, além de um acordo na área militar para comercialização do cargueiro KC-390.
A joint venture foi aprovada por 96,8% dos votos válidos, o que corresponde a cerca de dois terços (67%) das ações em circulação. A Boeing terá 80% da nova empresa e a Embraer, os 20% restantes.
A reunião foi liberada após a Embraer derrubar, na Justiça, liminar que suspendia a realização da assembleia. A Justiça Federal de São Paulo havia acatado, na última sexta-feira (22), ação civil pública movida pelo sindicato dos metalúrgicos. A decisão foi derrubada na noite desta segunda-feira (25).
O principal impacto da transação é a criação de uma nova empresa de aviação comercial, avaliada em US$ 5,26 bilhões. A Nova Companhia contempla 100% da atual operação da Embraer neste segmento. A empresa brasileira é líder mundial na fabricação de jatos executivos de médio porte, de até 150 assentos. Mas viu sua liderança ameaçada, nos últimos meses, com a fusão da sua rival Bombardier com a Airbus (principal concorrente da Boeing).
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Uma segunda joint venture prevê acordos para a comercialização do avião militar multimissão KC-390. A Embraer deterá 51% das ações da joint venture e a Boeing, os 49% restantes.
Boeing e Embraer anunciaram que haviam aprovado os termos das duas joint ventures em dezembro de 2018. Em janeiro deste ano (2019), o processo foi aprovado pelo governo brasileiro, que, como acionista, tinha poder de vetar a transação.
A conclusão do negócio está sujeita a aprovações junto a autoridades reguladores, como a brasileira Anac, ao redor do mundo. A expectativa de Boeing e Embraer é concluis o processo até o final de 2019.
Questionamentos judiciais
Além da oposição do sindicato dos metalúrgicos, a Embraer enfrentou outros questionamentos judiciais para aprovar a parceria com a Boeing. Associação Brasileira de Investidores (Abradin) chegou a protocolar uma notícia-crime contra o diretor de relações com investidores da Embraer, Nelson Krahenbuhl Salgado, e os conselheiros de administração da companhia.
A associação, que representa acionistas minoritários, acusa os conselheiros de terem omitido do mercado os termos do Memorando de Entendimentos firmado com a Boeing em julho do ano passado (2018).O acordo só se tornou público três meses depois, em outubro, ao ser anexado à ação movido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) contra a operação.
Na petição, os advogados da Abradin alegam que o artigo 60 da instrução CVM 480 determina que os conselheiros comuniquem à CVM fatos relevantes de que tenham conhecimento, mas não sejam comunicados ao mercado.
A parceria ainda foi alvo de outras ações, como a movida pelos deputados petistas Paulo Pimenta (RS), Carlos Zarattini (SP), Nelson Pellegrino (BA) e Vicente Cândido (SP). A 24.ª Vara Cível Federal de São Paulo chegou a suspender o acordo, em dezembro de 2018. Outra ação foi movida pelo PDT, na Justiça Federal de Brasília.
Futuro dos funcionários
Uma das preocupações em torno da parceria é com o futuro dos funcionários da Embraer, já que boa parte das operações da empresa, em especial sua área de inteligência, atualmente é concentrada no Brasil. Boa parte disso no entorno de São José dos Campos, no interior de São Paulo.
Como a Nova Companhia passa a integrar a estrutura da Boeing, há um temos de isto impactar tanto na inteligência quanto na produção da companhia.
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Nos termos aprovados, prevê-se que a NewCo (nova companhia) terá cerca de 9 mil empregados, o mesmo número de funcionários da área civil da Embraer hoje – ao todo, a fabricante emprega 18 mil pessoas, 16 mil delas no Brasil.
No comunicado divulgado nesta terça-feira (26), o presidente e CEO da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, destaca que “essa importante parceria posicionará as duas empresas para oferecer uma proposta de valor mais robusta a nossos clientes e investidores, além criar mais oportunidades para nossos empregados”
“Nosso acordo criará benefícios mútuos e aumentará a competitividade tanto da Embraer quanto da Boeing”.
Sinuca de bico
A Embraer enfrentou críticas por entregar à Boeing o “filé mignon” de sua produção, mantendo apenas as produções de jatos executivos e militares. A empresa brasileira já é líder disparada em seu segmento, de jatos de médio porte. É também a área mais lucrativa dentro da empresa.Embora mantenha 20% de participação na nova empresa, a Embraer não terá controle da operação, submetida à Boeing.
Agências internacionais chegaram a reduzir a nota da Embraer, após o governo brasileiro aprovar a operação. O perfil de negócios mais fraco, limitado aos setores Executivo e de Defesa, e a redução no fluxo de exportações pesou para a redução de nota da Fitch.
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Por outro lado, a Embraer avlaia uqe não teria condições de enfrentar, sozinha, a arrancada da Bombardier. A C-series, da canadense, ficou muito fortalecida após a parceria com a Airbus. A linha é a principal concorrente da série E2 da Embraer.
Isso e a entrada de novos concorrentes russos, chineses e japoneses no nicho dominado pela Embraer, de aeronaves de 90 a 150 assentos, alterou a realidade do mercado, na avaliação da Embraer. Isso e a entrada de novos concorrentes russos, chineses e japoneses no nicho dominado pela Embraer, de aeronaves de 90 a 150 assentos, alterou a realidade do mercado
O presidente, chairman e CEO da Boeing, Dennis Muilenburg, destacou que a parceria estratégica traz vantagens comerciais para as duas companhias:
“A aprovação dos acionistas da Embraer é um passo importante no processo de aproximar essas duas grandes empresas aeroespaciais. Essa parceria global estratégica tem como base o longo histórico de colaboração entre Boeing e Embraer, beneficia nossos clientes e acelera nosso crescimento”
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