A incorporação do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) ao Banco do Brasil (BB) deve ser aprovada em reunião de acionistas das duas empresas, no próximo dia 30. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (12) pelo vice-presidente de Finanças, Mercado de Capitais e Relações com Investidores do BB, Aldo Luiz Mendes.
O Banco do Brasil pagará R$ 411 milhões pelo Besc e R$ 274 milhões pelo Bescri - empresa de crédito imobiliário do banco estadual. A compra será feita por meio de emissão de ações. O Tesouro Nacional é o principal acionista das duas instituições.
Segundo avaliação de empresa de auditoria, com a junção dos bancos, haverá uma economia de custos de R$ 139 milhões, uma vez que o Besc contará com a mesma gestão do BB, transferindo, por exemplo, funcionários do setor administrativo para trabalhar diretamente com os clientes, por exemplo. A idéia é que, em dez anos, essa sinergia represente ganhos de eficiência no valor de R$ 1 bilhão.
Mendes destacou que o Besc contará com a mesma tecnologia e ferramentas do Banco do Brasil, como atendimento via internet, por exemplo. O Besc tem tido uma administração que não é voltada a negócios, mas para manter o banco saudável. É um banco conservador na gestão do seu passivo, afirmou.
Segundo ele, o Besc precisa ser modernizado para ter mais resultados. Atualmente de 40% a 50% das transações dos clientes são feitas no caixa, enquanto no BB esse índice é de 10%.
De acordo com dados divulgados pelo BB, atualmente, o Besc usa 73,1% das receitas para manter o funcionamento, enquanto esse índice no BB é de 46,9%. Com a incorporação, esse índice deve ficar em 47,3%. A meta do BB é que o banco estadual chegue ao 45% no índice de eficiência. Pelas estimativas, o Besc deve levar cinco anos para ter eficiência idêntica ao BB.
Mendes esclareceu, ainda, que a marca Besc será mantida por cinco anos, resultado de um acordo entre o governo do estado e os dois bancos. É uma marca muito forte do estado. A população tem um sentimento de pertencimento. Mendes também afirmou que há um compromisso do BB de manter pelo menos um ponto de atendimento da marca BB ou do Besc em cada município. Atualmente há uma sobreposição de clientes nos dois bancos de 22%.
Em número de agências, o Besc está em primeiro lugar no estado seguido pelo BB e pela Caixa. Em número de clientes, o BB está em primeiro lugar, com 1,559 milhão de contas correntes, enquanto o Besc tem 691 mil. Com a incorporação, o BB, que conta atualmente com 200 agências no estuado, passará a ter 453.
Com relação aos funcionários, Mendes afirmou que no primeiro momento nada muda. Ele disse que 350 funcionários são estáveis, cerca de 500 aderiram ao plano de demissão voluntária, em 2000, e podem ser desligados a critério do banco. Há, ainda, aqueles que são novos na instituição e entraram por concurso a partir de 2004. Vamos tratar cada um dos três grupos de forma diferente, esclareceu.
No caso dos que aderiram ao PDV, o banco tem até 2010 para exercer o direito de desligar os funcionários, sendo que há recursos provisionados, ou seja, separados para esse fim.
Mendes afirmou ainda que o objetivo do BB é cativar os clientes do Besc e que todas as mudanças serão informadas por meio de campanhas publicitárias e outras formas de os contatos. Ele acrescentou ainda que a tendência é de convergência de tarifas, além disso os correntistas do Besc contarão com mais produtos, atendimento via internet, central telefônica e celulares.
O Besc é atualmente administrado pelo Banco Central. Em 1999, a instituição estadual foi socorrida pelo Tesouro Nacional, com um empréstimo de R$ 2 bilhões. O compromisso estabelecido na época era que a instituição seria privatizada ou extinta.
Depois, o banco foi federalizado e incluído no Plano Nacional de Desestatização (PND), com um pagamento de R$ 520 milhões ao estado de Santa Catarina. Neste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou decreto que retirou o Besc do PND, o que permitiu o processo de incorporação da instituição pelo Banco do Brasil.
Com relação s demais negociações de incorporação, Mendes afirmou que, até o final do ano, o processo do Banco do Estado do Piauí (BEP) deve ser concluído, com convocação de assembléia de acionistas. No caso da Nossa Caixa, do Estado de São Paulo, ainda há negociação quanto ao preço e não há previsão de quando será definido. Quanto ao Banco de Brasília (BRB), Mendes afirmou que a instituição financeira ainda está sendo avaliada. Também não há previsão de término das negociações.