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Comportamento financeiro

Ações da OGX acumulam queda de 88% no ano

Minoritários do EBX cogitam pedir bloqueio de bens de Eike | Fred Prouser/Reuters
Minoritários do EBX cogitam pedir bloqueio de bens de Eike (Foto: Fred Prouser/Reuters)

Os movimentos de alta e baixa no mercado de ações são efeito, principalmente, do desempenho das empresas e também da menor ou maior tolerância que os investidores têm de suportar tais oscilações. Saber ler corretamente esse comportamento é crucial para buscar um bom retorno. No caso da OGX, do empresário Eike Batista, as perdas já passam de 88,13% somente em 2013 – uma desvalorização que pegou muitos investidores de surpresa.

INFOGRÁFICO: Veja como foi a queda das ações da OGX

Segundo dados de abril da BM&Bovespa, mais de 50 mil pessoas adquiriram ações da petroleira.

O empresário carioca Victor Marques, 27 anos, foi uma delas. Embarcou na onda de otimismos em setembro de 2010, comprando ações da OGX por R$ 20 – um mês antes delas atingirem o pico de R$ 23,27. Em agosto daquele ano, a OGX tinha anunciado a descoberta de gás na Bacia do Parnaíba, no Maranhão, com capacidade para produção de 15 milhões de metros cúbicos por dia. E Eike Batista, poucos meses antes, havia sido alçado ao posto de oitavo homem mais rico do mundo, pela revista Forbes.

Mas o sonho de ser um pequeno sócio de uma gigante do petróleo foi se desfazendo aos poucos. Nos meses seguintes à compra, os papéis estavam em queda. As perdas se acentuaram nos anos seguintes. Marques já havia perdido uma "picape zero quilômetro", segundo ele, com as ações da petroleira quando decidiu vendê-las, a R$ 15. "A minha corretora recomendava não vender as ações, esperar que elas recuperassem valor. Eu troquei de corretora, vendi as ações. Eu e muita gente acreditávamos nessas empresas. Na minha perspectiva, vendi até com ‘lucro’ porque os papéis caíram muito mais e agora valem centavos", conta.

Cautela

O que aconteceu com o grupo de Eike Batista pode acontecer com qualquer empresa. Por isso os especialistas recomendam cautela. Uma dos principais desafios, neste sentido, é resistir aos boatos. "O Eike Batista nunca foi um grande empresário. Fazia propaganda sem garantias, só falava em crescimento, mas não mostrava relatórios de gestão, margens. Você tem grandes empresas no mercado com histórico disponível, Eike não tinha. Agora o mercado inteiro está pagando o preço", explica Mehanna Mehanna, sócio da Toro Investimentos. Ele reassalta que o grupo OGX lançou ações antes mesmo de ter produção. Em 2008, segundo Mehanna, valia R$ 60 bilhões, mas era só um escritório no Rio, com menos de 300 funcionários.

Lição

É preciso ter sangue frio para evitar "efeito manada"

Um dos principais desafios do investidor é manter o sangue frio em momentos de muita tensão no mercado, como tem ocorrido nas últimas semanas com as ações do "império X".

"Muitas vezes o cliente não consegue assimilar perdas. A gente tenta explicar bem os riscos da estratégia antes e manter o investimento", afirma o gerente de portfólio da boutique de investimentos Inva Capital, Luiz Augusto Pacheco.

Para quem não conta com ajuda profissional, é preciso sempre acompanhar os balanços das empresas para saber se elas estão entregando o que prometeram. É preciso também ficar atento aos valores pagos pelas ações, e não somente ao porcentual de valorização. Afinal, se uma ação vale R$ 0,40 e sobe para R$ 0,80, tem valorização ótima. E, principalmente, não se desesperar quando as ações desvalorizam. "O pânico no mercado ajuda a baixar os preços, as pessoas estão vendendo sem motivo. Esse ‘efeito manada’ atinge quem não tem informações suficientes. Não se pode confundir preço com valor da empresa", explica o sócio diretor da CTM investimentos, André Hayashi.

O funcionário público Rodrigo Madeira está tentando manter o sangue frio. Ele tem ações da OGX e da LLX (que acumula perdas de 64%), mas diz que prefere esquecer a onda ruim e torcer por uma recuperação. "Onde ainda tem potencial e chance de dar certo é na LLX, que tem o Porto do Açu, em São João da Barra", arrisca Madeira.É em casos como o da OGX que a máxima dos especialistas de diversificar os investimentos se destaca. Uma dica é investir metade do patrimônio disponível no fundo de ações e a outra metade em um fundo de renda fixa, mais conservador.

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