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As ações da OGX despencaram 40% no pregão desta sexta-feira (30) da Bovespa, levando o papel ao nível mais baixo da sua história: R$ 0,30.

Há apenas dois anos, o papel da empresa mais problemática do grupo EBX, de Eike Batista, valia R$ 13. O papel chegou a atingir R$ 23 e outubro de 2010, seu maior valor no mercado. Segundo analistas, a forte queda apenas antecipou a saída da OGX do índice Ibovespa, que irá acontecer em janeiro do ano que vem pela adoção de novas regras da Bovespa, que serão divulgadas no dia 3 de setembro.

As novas regras vão adotar o princípio de excluir as "penny stock" do principal índice do mercado. As "penny stocks" são ações que negociam com preço muito baixo. Nos Estados Unidos, são consideradas penny stocks as ações abaixo de US$ 5, enquanto no Reino Unido são as que custam menos de 1 Libra, segundo informa a consultoria Empiricus. No Brasil, as "penny stocks" serão as que valem menos de R$ 1, o caso da OGX.

A permanência da OGX no Ibovespa obriga os fundos de investimentos a manterem o papel em carteira, o que, segundo analistas, era o único motivo da empresa continuar existindo na bolsa. A expectativa é que sem essa obrigação, os fundos vendam todos os papéis da OGX em carteira.

Maior abertura de capital da história do Brasil até 2008, quando captou R$ 6,7 bilhões na Bovespa, a OGX era considerada a maior promessa do grupo EBX.

A presidente Dilma Rousseff, em visita ao Porto do Açu, em 2012, outro projeto de Eike no Rio de Janeiro, chegou a estimular a parceria da empresa com a Petrobras e disse acreditar que Eike traria inovações tecnológicas para o setor. A diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, disse em entrevista à Folha de S.Paulo que gostaria que tivessem "mais Eikes" no Brasil, por conta do seu espírito empreendedor.

Ex-Futuro Promissor

Conduzida por ex-executivos da Petrobras, a empresa prometeu que estaria produzindo este ano entre 40 mil e 50 mil barris diários de petróleo. Com problemas operacionais em seu único campo em produção, Tubarão Azul, na bacia de Campos, essa marca nunca chegou perto de ser atingida. Entre paradas e retomadas, a produção da empresa variou este ano entre 1,7 mil barris e 9 mil barris diários.

Para piorar a situação, a empresa anunciou que pretende devolver o seu único campo em produção, Tubarão Azul, à ANP (Agência Nacional do Petróleo), depois de já ter desistido de mais três campos por não serem comerciais, mesmo após ter declarado que eram comerciais: Tubarão Tigre, Tubarão Gato e Tubarão Areia.

Sem produção, a companhia não conseguiu fazer caixa suficiente para manter a operação e se endividou acima do seu patrimônio, o que vem fomentando especulações de que terá como saída a recuperação judicial.

A empresa vem conversando com credores para tentar solucionar o endividamento mas, a cada dia, na avaliação do mercado, esta retomada está mais distante.

Outras empresas do grupo EBX foram afetadas pela crise de credibilidade da OGX, principalmente a OSX, de construção naval e afretamento de plataformas, que recebeu uma injeção de US$ 50 milhões esta semana do empresário, depois que as encomendas da sua principal cliente (OGX) minguaram.

Outras empresas como a MPX (energia) e a LLX (logística) conseguiram sócios interessados em dar continuidade aos projetos, E.ON e EIG, respectivamente, e a MMX está na mira de vários grupos por conta do Superporto Sudeste, maior projeto da empresa.

A OGX chegou a conseguir uma parceira, a malaia Petronas, que suspendeu o aporte que faria por 40% do campo de Tubarão Martelo até que a dívida da OGX seja reestruturada.

Tubarão Martelo é a nova aposta da OGX, com volume recuperável de 285 milhões de barris e com previsão de entrar em operação até o final deste ano. A empresa tem ainda uma carteira de 31 blocos exploratórios, que seria elevada com a aquisição de 13 blocos na 11ª rodada de licitações da ANP. Com problemas financeiros porém, a OGX devolveu nove desses blocos, o que desanimou ainda mais o mercado em relação ao futuro da companhia.

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