Apesar de esperado, o reajuste nos preços do combustível anunciado na terça-feira (29) pela Petrobras foi considerado por analistas como insuficiente, já que, com os novos valores, a estatal do petróleo não conseguiu zerar a diferença de preços entre o mercado interno e o mercado externo.
A decepção parece ter atingido os investidores, com as ações da petrolífera entre as maiores quedas da Bolsa hoje. Às 12h50, os papéis preferenciais (sem direito a voto) da empresa recuavam 3,97%, enquanto o Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa, caia em torno de 0,91%. Em relatório, a analista Lilyanna Yang, do UBS, chama atenção para o fato de que, mesmo com este reajuste, os preços da gasolina e do diesel no Brasil ainda estão 5% e 11% abaixo dos valores praticados no exterior.
Em negociação com o governo desde o ano passado, o reajuste de 6,6% da gasolina nas refinarias da Petrobras será o primeiro com impacto ao consumidor desde 2005 -desde então o governo abria mão da arrecadação da Cide (imposto federal dos combustíveis) para anular a alta nos postos. O diesel, por sua vez, sofreu aumento menor, de 5,4%.
O analista Marcus Sequeira, do Deutsche Bank, é cético em relação à reação dos investidores ao anúncio, mas ressalva que a notícia, apesar de tudo, é boa.
"Nós acreditamos que a reação do mercado ao anúncio deve ser negativa, refletindo o desapontamento com a magnitude do preço. O anúncio é positivo como tudo que se refere ao fluxo de caixa da Petrobras. O problema é que este aumento não cobrirá as perdas passadas e não trará os resultados de refinaria da Petrobras de volta ao azul", avalia Sequeira em relatório.
Novo aumento em breve?
Em relação a um possível novo aumento nos preços dos combustíveis pela companhia, Sequeira afirma que o mercado não deve esperar por isso, levando em conta os desencorajadores índices de inflação no país.
As expectativas são de o reajuste na gasolina e no diesel deve injetar R$ 600 milhões mensais no caixa da companhia.
Para Luiz Caetano, analista da Planner Corretora, os efeitos desta correção de preços para os resultados da Petrobras, em bases anuais, devem ser de um aumento de R$ 6,7 bilhões na receita e um acréscimo de 32% no lucro líquido da companhia em 2013.