Vale a pena?
Há razões para acreditar que as ações tendem a se valorizar no futuro, mas também há muitas incertezas.
Vantagens
- A Petrobras tem direitos sobre 86% de toda a área já concedida do pré-sal, e será a única operadora em todos os campos ainda não concedidos da nova fronteira petrolífera.
- Com a confusão em torno da capitalização, as ações ficaram mais baratas: desde o início do ano, as ordinárias recuaram 26% e as preferenciais, 25%. Teoricamente, o potencial de valorização ficou maior.
- Segundo a maioria das previsões, o petróleo ficará cada vez mais escasso e, apesar da emergência de fontes alternativas, seu consumo crescerá por muitos anos. Por isso os preços do combustível tendem a subir, o que beneficia a Petrobras.
Desvantagens
- O investimento no pré-sal é altíssimo, por incluir novas tecnologias, infraestrutura, mão de obra especializada e serviços em alto-mar.
- O marco regulatório do pré-sal e a "venda" de 5 bilhões de barris do governo à Petrobras podem ser contestados na Justiça. E as reservas que a estatal está comprando só vão gerar receita daqui a alguns anos.
- A qualidade da gestão da Petrobras e as ingerências do governo são criticadas por analistas. O conturbado desenho da capitalização piorou a reputação da empresa em termos de relação com os investidores.
- Com a capitalização, o número de acionistas da empresa vai crescer. Assim, cada sócio terá direito a uma fatia menor.
Antiga "queridinha" da Bovespa, a Petrobras atravessa uma fase das mais estranhas. A companhia é vista com desconfiança e perde valor justamente no momento mais promissor de sua história, às vésperas de explorar, em condições de monopólio, as gigantescas reservas do pré-sal. Por isso nenhum especialista em finanças é categórico em estimular ou desencorajar o investimento nas novas ações que a empresa vai emitir até o fim do mês.
O prazo para a reserva dos papéis começa hoje e vai até quinta-feira para os acionistas da empresa, grupo que inclui os trabalhadores que há dez anos compraram ações usando parte do FGTS. Na chamada "oferta prioritária", que envolve 80% da nova emissão, os sócios poderão acompanhar a injeção de recursos que a União está fazendo na companhia, por meio de 5 bilhões de barris em reservas de petróleo. Os demais 20% constituem a "oferta de varejo", ações que serão oferecidas a não acionistas, cujo prazo de reserva vai de hoje até o dia 22.
Quem acionista ou não da Petrobras pedir conselhos a alguém que acompanha de perto o mercado financeiro provavelmente ouvirá o bordão segundo o qual "bolsa é investimento de longo prazo" e que não adianta esperar lucros gordos em poucos meses. A diferença é que esse discurso ficou mais enfático, e o tal prazo, ainda mais longo: há quem recomende cinco ou até dez anos de paciência.
"Petrobras é papel para o investidor casar. A empresa tem bons fundamentos e, mesmo sem uma administração perfeita, consegue trazer bons retornos para o acionista, numa perspectiva longa. De dez anos, pelo menos", diz Rafael Paschoarelli, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA) e responsável pelo site www.comdinheiro.com.br.
O economista Robson Gonçalves, professor do Instituto Superior de Administração e Economia (Isae/FGV), prefere não arriscar um intervalo de tempo, mas também defende investir sem prazo para o resgate. "Como o governo se atrapalhou todo no desenho da capitalização, pode haver muita incerteza e oscilação de preços no curto prazo", afirma.
As recomendações de cautela e paciência se justificam. Somente de 2010 a 2014, a Petrobras investirá no mínimo US$ 33 bilhões para começar a extrair petróleo do pré-sal. O retorno, por sua vez, aparecerá nos balanços com mais nitidez apenas na segunda metade da década, quando os novos campos começam a produzir em larga escala.
Com tamanha distância entre investimento e retorno, nos próximos anos a rentabilidade da empresa tende a diminuir o que pode limitar a valorização das ações, explica o consultor José Écio Pereira da Costa Junior, que preside o conselho consultivo do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-PR). "Hoje as ações da Petrobras estão mais baratas que o normal, e é de se esperar que subam. Qual será o novo patamar? Impossível saber agora", avisa.
FGTS
Segundo a especialista em finanças pessoais Ana Paula Mussi Cherobim, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a participação na capitalização da Petrobras é mais recomendada para os acionistas da empresa, que têm de comprar novas ações para não serem "diluídos". A dica vale principalmente para os cotistas do FGTS. "Mesmo que as ações não tenham desempenho tão expressivo, certamente terão rentabilidade maior que a do Fundo [3% ao ano, mais TR]", diz.
Para os não acionistas, a especialista sugere que, antes de comprar ações da estatal, eles confiram outras oportunidades da Bovespa opinião semelhante à de Costa Junior, do Ibef-PR. "Para mim, hoje é mais interessante comprar ações da Vale. A chance de a mineradora ter rentabilidade maior e melhor avaliação nos próximos dois ou três anos é maior que a da Petrobras", estima.
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