A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu nesta sexta-feira (11) pelo segundo dia consecutivo, com os investidores reagindo ainda ao rebaixamento da nota de crédito do Brasil e de dezenas de empresas pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P). O índice de Ibovespa recuou 0,22%, aos 46.400 pontos, pressionado pelo queda de Petrobras, Vale, Ambev e bancos.
A baixa do pregão foi atenuada, porém, pelo bom desempenho de companhias favorecidas pela alta do dólar. A moeda americana subiu 0,72%, a R$ 3,878 para venda, o maior valor desde 2002 – na máxima da sessão, chegou a R$ 3,895.
Com seu rebaixamento na véspera e a queda de 1,5% no preço do barril do petróleo, a Petrobras registrou queda de 3,89% nas ações preferenciais (PN, sem direito a voto) a R$ 7,66, menor cotação desde agosto de 2004. Em fevereiro, a Moody’s já havia rebaixado a nota da companhia.
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, minimizou nesta sexta a decisão da S&P, afirmando que trata-se de uma “situação passageira”, já que os os números e resultados da Petrobras estariam melhorando. Por outro lado, analistas de mercado apostam que o rebaixamento da Petrobras vai obrigar a estatal a reduzir ainda mais seus investimentos.
De acordo com uma fonte próxima ao governo, a Petrobras já começou a avaliar um corte nos investimentos previstos para este ano, inicialmente estimados em cerca de US$ 29 bilhões. Segundo essa fonte, os investimentos em 2015 ficarão abaixo de US$ 26 bilhões, ou seja, um corte de pelo menos 10%.
Para Luís Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos, os dois efeitos imediatos para a Petrobras do rebaixamento da nota de crédito do Brasil e da própria empresa é a elevação do custo de captação de recursos e o aumento do seu endividamento. A empresa, que já vinha tendo dificuldade para se financiar, encontrará ainda mais obstáculos para levantar dinheiro. A perda do grau de investimento do Brasil tende a elevar o dólar, fazendo a dívida da companhia crescer ainda mais.
“A dívida da Petrobras vai crescer, e o problema é que o aumento da geração de caixa não vai conseguir crescer no mesmo ritmo”, diz Pereira. A primeira prova de fogo da estatal será a emissão de R$ 3 bilhões em debêntures que a empresa está preparando com o objetivo de levantar recursos para seu plano de negócios.