Apesar da forte instabilidade registrada em seus papéis e das notícias ruins que cercam a empresa, a Petrobras acumula valorização superior a 30% em suas ações desde março, mês em que começaram a ser divulgadas pesquisas eleitorais mostrando a perda de espaço da presidente Dilma Rousseff (PT) na corrida pelo Planalto.
Em 17 de março, o papel preferencial da petrolífera atingiu seu menor patamar desde 8 de junho de 2005. Também em 17 de março deste ano a ação ordinária da empresa, com direito a voto, alcançou o menor nível desde 16 de setembro de 2004. Desde então, as ações preferenciais subiram 32,7% e as ordinárias, 34,7%.
A alta tem mais influência de fatores eleitorais do que propriamente de fundamentos da própria empresa. Isso porque as notícias que envolvem a Petrobras raramente têm sido positivas. A mais recente delas, o rebaixamento de nota pela agência de classificação de risco Moodys, já estava precificada pelos investidores, afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.
A Moodys rebaixou a nota da Petrobras de Baa1 para Baa2, considerada mediana, e colocou a avaliação em perspectiva negativa. "O mercado já vem incorporando essa perspectiva pior para a Petrobras e já vinha antecipando esse rebaixamento", avalia Mizuho.
A Moodys, em sua justificativa para o rebaixamento, citou o alto endividamento da empresa. "Há um desbalanceamento no fluxo de caixa. O que ela deixou de ganhar nos últimos anos pelo problema da defasagem do preço do combustível impacta negativamente a empresa", afirma Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest Corretora.
Otimismo
Mesmo assim, as perspectivas para a empresa não são ruins, principalmente por causa da camada do pré-sal, que deve ampliar a capacidade de produção da empresa."A empresa lá na frente terá capacidade de extração muito maior e também está investindo em refino. Isso, em algum momento, reduz a necessidade de importação", afirma Cardoso.