São Paulo A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) comunicou ontem que o diretor de Relações com Investidores da Gol pode ser responsabilizado pela "insuficiência das informações prestadas ao mercado, independentemente de qualquer averiguação sobre a eventual utilização de informação privilegiada nas negociações com as ações" da empresa.
O órgão enviou ontem um novo ofício à Gol "solicitando informações relativas à negociação, visando à apuração de responsabilidades".
Antes do anúncio do negócio, na quarta-feira, já circulavam fortes rumores no mercado sobre a aquisição, que fizeram disparar as ações tanto da Gol quanto da velha Varig (a S.A. Viação Aérea-Riograndense, em processo de recuperação judicial): a primeira valorizou 4,17%, enquanto a segunda subiu 9,15%. No pregão de ontem, após a confirmação do negócio, a ação da Gol teve ganho de 10,14%, enquanto a da velha Varig cedeu mais de 10%.
A CVM questionou a Gol ainda na segunda-feira, sobre a veracidade das notícias em jornais e revistas sobre a negociação da empresa para a compra da Gol. A empresa respondeu, no dia seguinte, com a confirmação reservada de que "permanentemente investiga e considera as diversas oportunidades de aquisições, joint-ventures e combinações de negócios que possam gerar valor a seus acionistas".
Na quarta, a CVM voltou a questionar a Gol, em novo ofício, após constatar "alguma alteração nos padrões de volume e preço das ações" da empresa. No mesmo dia, a empresa divulgou o fato relevante com a revelação do negócio.
A CVM pondera que as empresas têm direito a manter informações relevantes em sigilo mas que a lei também é clara em obrigar a divulgação dos fatos "quando a informação fugir ao controle da companhia, como ocorre quando as informações são publicadas na imprensa".
A CVM informou ainda que enviou ofício também à velha Varig para indagar sobre a oscilação de suas ações, também considerada atípica pelo órgão.
