Os fundadores do Snapchat, Evan Speigel e Bobby Murphy, tocaram o sino de abertura da Bolsa de Valores de Nova York nesta quinta-feira (2). O ato marcou a estreia do aplicativo de mensagens no mercado financeiro e, já no primeiro dia, as ações atingiram uma valorização de quase 50%.
A Snap Inc., dona do aplicativo de mensagens Snapchat, começou a negociar seus papéis como o nome de SNAP e se tornou uma empresa pública com valor de mercado estimado de US$ 24 bilhões. Foi a maior oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) da indústria da tecnologia desde a abertura de capital do Alibaba, em 2014.
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A empresa viu as suas ações se valorizarem já no início da abertura do mercado. Os papéis foram cotados a US$ 24 no início da manhã desta quinta-feira (2), valor 40% maior do que a precificação inicial, de US$ 17. Durante a tarde, as ações atingiram o pico de US$ 25,97, uma valorização de quase 50%. Os valores são quase o dobro do que a faixa original cogitada pela empresa antes do IPO, que era de US$ 14 a US$ 16.
O fato de o preço das ações estar maior do que o Snap havia previsto originalmente indica que a demanda pelos papéis está grande. Alguns analistas de mercado esperam que a estreia do Snapchat possa reviver um mercado de IPO em atraso, incentivando outras empresas de tecnologia a fazer suas estreias. Os IPOs da Uber e do Airbnb estão entre os mais aguardados pelo mercado.
Presença de mercado
O Snapchat, aplicativo de fotos e vídeos que desaparecem depois de 24 horas, tem uma base de usuários leais de 158 milhões de pessoas. As pessoas utilizam o app para enviar 2,5 bilhões de mensagens por dia.
Embora tenha ainda de lucrar com essa popularidade, a empresa está aumentando sua receita, que foi de US$ 404,5 milhões em 2016. O Snap também tem investido substancialmente no trabalho com parceiros de mídia para entregar notícias e análises para seu público predominantemente jovem.
O crescimento da empresa foi em grande parte impulsionado pelos usuários mais jovens, que gastam mais de 30 minutos por dia usando a ferramenta. Mas o número de usuários mais velhos começa a fazer a diferença no balanço do Snap, segundo dados da empresa de pesquisa eMarketer. A consultoria projeta que 6,4% dos usuários do Snapchat neste ano terão entre 45 e 54 anos, mostrando que o aplicativo está expandindo seu apelo entre os mais velhos.
Empresa precisa gerar lucro
Mas alguns analistas ainda advertem que o Snap precisa provar seu valor e sua capacidade de gerar caixa. James Gellert, executivo-chefe da consultoria de análise Rapid Ratings, afirma que esperava o bom desempenho do Snap no IPO, graças a investidores focados em tecnologia e com fome para conseguir algo novo. Mas, segundo o executivo, o Snap tem um caminho a percorrer para provar que é um investimento estável ao longo do tempo.
“A Snap é relativamente jovem e ainda precisa gerar lucros.O típico investidor de tecnologia do IPO vai dizer que está tudo bem e não importa”, disse Gellert. Mas a partir de uma perspectiva de longo prazo, afirma o executivo, ser capaz de demonstrar a capacidade de gerar lucro e ganhar dinheiro em ativos é fundamental para garantir a saúde financeira da empresa.
Concorrentes
Snap também corre o risco de ver seus bons ventos irem embora com o desempenho dos concorrentes. O Facebook - que tentou comprar o Snap por US$ 3 bilhões em 2013 - introduziu algumas características do Snapchat na rede social Instagram.
Segundo a análise da empresa 7Park Data, o lançamento de Instagram Stories - um recurso muito semelhante ao produto Snapchat’s Story - prejudicou o crescimento do Snapchat. Os usuários diários de Snapchat caíram depois que Instagram apresentou sua versão Stories, indicando que a base de usuários do Snapchat pode ser reduzida.
A própria Snap enviou um arquivo à Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio afirmando que o crescimento da sua base de usuários foi “relativamente plana” no último trimestre de 2016. A empresa disse que o fato de seus concorrentes estarem “imitando nossos produtos” poderia ser um fator de risco para o futuro do negócio.
Gellert, executivo-chefe da consultoria de análise Rapid Ratings, afirma que o Snap precisa olhar para o Twitter e Facebook para entender os desafios que irá enfrentar como uma rede social com as responsabilidades de uma empresa pública. “Snap tem a chance de olhar para o bom [Facebook] e o mau [Twitter] exemplo, as escolhas positivas e negativas das empresas e as consequências”, disse Gellert.
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