Em cinco meses, o investimento em papéis BDR, como os da Apple, estará ao alcance de quem tem pouco capital| Foto: Kimihiro Hoshino/AFP

Empresas

Apple é o BDR preferido dos investidores

A Apple é a empresa com maior participação (7,79%) no Índice de BDRs Não Patrocinados Global (BDRX) da BM&FBovespa. Trata-se de uma carteira teórica, análoga ao Ibovespa, que mede o comportamento desses papéis e serve como referência para o investidor. A participação de cada companhia no índice é medida por seu valor de mercado.

O indicador é formado por 68 empresas, de diferentes setores. Completam a lista das dez empresas com maior participação no BDRX as companhias Exxon Mobil, Microsoft, Wal Mart, Wells Fargo, Johnson, General Electric (GE), Procter & Gamble (PG) e Pfizer.

A saúde financeira dessas organizações é justamente a principal garantia dessa modalidade de investimento. "São empresas maduras e conhecidas, algumas líderes de mercado. Vemos um cenário em que as principais empresas geram bastante caixa e estão crescendo", diz Bernardo Ferreira, da XP Gestão de Recursos.

As corretoras relatam crescimento na procura por esses papéis e acreditam que o movimento se intensifique, com a queda da barreira de investimento mínimo.

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Hoje restritas a investidores qualificados, com patrimônio aplicado de pelo menos R$ 300 mil, as ações de empresas estrangeiras – como Apple, Boeing e Google – poderão, a partir de julho, ser compradas no Brasil também por investidores comuns. A alteração foi determinada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e atende um pedido do mercado financeiro, que solicitava a derrubada da barreira de capital que hoje limita o acesso aos fundos de investimentos formados por Brazilian Depositary Receipts (BDR) – recibos de ações de empresas estrangeiras negociados aqui.

INFOGRÁFICO: Veja como funciona o investimento em ações estrangeiras

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Listados no Mercado Internacional da BM&FBovespa, os BDRs mais comuns são os não patrocinados, lançados por uma instituição depositária brasileira e oferecidos, por exemplo, por bancos e corretoras, mas somente a clientes com aplicações superiores a R$ 300 mil.

No mercado, esses títulos são identificados pela nomenclatura BDR Nível I. O investimento direto nos papéis, via BDRs Patrocinados, seguirá restrito a investidores com capital investido mínimo de R$ 1 milhão.

A CVM informa que a mudança integra uma política de "permitir o investimento no exterior de maneira gradual" e que está ancorada na segurança e transparência desse mercado, já que os ativos têm custódia de uma instituição depositária brasileira e que os fundos atendem a regras de publicidade idênticas a dos títulos nacionais.

Os BDRs remuneram o investidor com base no desempenho das ações das empresas e têm apresentado rentabilidade superior à do mercado acionário nacional. Na Bovespa, o índice de BDRs não patrocinados global (BDRX) fechou o último ano com valorização de 28,1%, enquanto o Ibovespa, que reúne as ações das principais empresas brasileiras, caiu 2,9%. Neste ano, o indicador de BDR sobe 2,7%, ao passo que o Ibovespa recua 1,2%.

Bancos como Bradesco e Caixa têm fundos formados por esses papéis, com destacadas taxas de retorno. O Caixa BDR Nível I teve rentabilidade de 20,1% no último ano, a maior entre os 127 fundos do banco, enquanto o Bradesco FIC FIA BDR Nível I rendeu 24,5%. Os fundos oferecidos por corretoras também têm apresentado taxas de retorno elevadas.

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Confiança

O investimento é recomendado em razão do bom momento da economia americana e da valorização do dólar, em face da estagnação da economia nacional. "Enquanto as empresas daqui estão sofrendo há bastante tempo, nos Estados Unidos a economia está se acelerando. A bolsa americana tem subido com consistência nos últimos três anos", diz Sandra Blanco, consultora de investimentos da corretora Órama.

A perspectiva de retorno, com esse tipo de investimento, é de longo prazo. "Não dá para esperar rentabilidade imediata, pois a especulação é grande e há momentos positivos e negativos", explica o gerente de Gestão de Fundos de Renda Variável da Caixa, Camilo de Lellis Cavalcanti Júnior.

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