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Ações estrangeiras serão negócio para iniciados

Loja da Apple na Quinta Avenida, em Nova York: BDRs da empresa de tecnologia estarão entre os primeiros | Divulgação/Apple
Loja da Apple na Quinta Avenida, em Nova York: BDRs da empresa de tecnologia estarão entre os primeiros (Foto: Divulgação/Apple)

Quem comprou ações da companhia americana Apple há exatos cinco anos teve um ganho de mais de 500%, em dólar, mesmo com uma crise no meio do período. A possibilidade de embarcar em movimentos como esses, protagonizados por empresas inovadoras e ousadas, respondem por boa parte da atração que os papéis estrangeiros têm para os investidores. O problema é que esse mercado, com raras e ricas exceções, está fechado para os brasileiros – para investir lá fora seria necessário fazer remessas de recursos para o exterior, o que torna essa uma opção apenas para detentores de grandes fortunas. Essa condição, entretanto, deve mudar nos próximos meses, com o início das operações com recibos de ações emitidos por bancos internacionais. A aplicação, ainda assim, deve ser contraindicada para a maioria dos investidores.Tecnicamente, não serão ações, mas BDRs (sigla em inglês para Brazilian Depositary Receips, Recibos de Depósito Brasileiros – leia mais sobre eles no box ao lado). Ainda não há data para o início da negociação, que estará, a princípio, a cargo do Deutsche Bank – o Citi venceu uma concorrência para emitir BDRs também, mas numa segunda "leva". Os papéis não poderão ser comprados diretamente por pessoas físicas, mas deverão compor fundos, cujas cotas estarão à disposição dos investidores.

Analistas de investimentos dizem que a tendência de internacionalização dos investimentos não tem volta, e que o desembarque das ações americanas no Brasil é um passo importante nessa área. "É algo que acontece bastante na Europa e nos Estados Unidos", diz Raphael Cordeiro, chefe de análise da corretora Omar Camargo. "Se o sujeito chegar com US$ 1 milhão numa corretora de Nova York, é bem provável que o assessor sugira destinar 3% a 5% para mercados emergentes e uns 15% para a Europa." Nesse caso, a alocação faz parte de uma estratégia de diversificação que, na opinião de Cordeiro, é bem vinda também para o investidor do Brasil.

O desafio que vem por aí é o de avaliar uma nova variável nos investimentos em renda variável: o câmbio. "Quem compra um ativo que tem lastro em uma operação fora do Brasil precisa levar em conta o comportamento das moedas – a nossa e a do país de origem da empresa", observa Raul Ribas, da consultoria em investimentos Diversinvest. Por essa razão, Ribas diz que essa é uma operação que exige mais conhecimento por parte do investidor. "Exige mais do que os conhecimentos básicos de quem opera na bolsa por aqui", explica.

Cordeiro observa que, nos últimos anos, o efeito do câmbio tem sido anulado pela variação da bolsa. "É uma correlação quase negativa: quando a bolsa sobe, o dólar cai, de forma que um movimento amortece o outro", diz. Como não há nenhuma certeza de que essa correlação vá manter-se nos próximos anos, o risco continua. Além disso, Cordeiro diz que a valorização histórica da bolsa brasileira tem sido maior. "Eu não recomendaria de forma alguma colocar mais do que 5% de todo o portfólio de um investidor em ações estrangeiras", diz.

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