Até domingo (10) São Paulo é a capital da inovação. Mais de 25 mil pessoas se reúnem no Welcome Tomorrow, um evento que debate como vamos viver no futuro, seja na área de mobilidade, trabalho, relações humanas e até na saúde. E a Gazeta do Povo é o veículo oficial onde você encontra todas as novidades e informações sobre este encontro (no final da reportagem tem o tempo real do evento).
O evento é realizado no São Paulo Expo e conta com 250 palestrantes em oito palcos simultâneos. O Welcome Tomorrow existe há sete anos e começou como um evento para debater o futuro da mobilidade. E atualmente fala sobre como será a nossa vida em várias áreas.
No primeiro dia, durante a abertura, Flavio Tavares, criador do evento, falou sobre o nosso futuro nas diversas relações que temos. E a principal delas é que a tecnologia é um caminho sem volta. “Os robôs já estão entre nós. Temos assistentes, professor e até esposa”. Mas a grande questão que ele colocou que nos diferencia como humanos são duas características únicas: a criatividade e a empatia.
Mobilidade e transporte
A mobilidade foi um dos temas mais abordados no primeiro dia do Welcome Tomorrow. O CEO da Waze, Noam Bardin, foi o primeiro palestrante do dia. Ele pontuou o cenário caótico que as cidades vivem atualmente com relação ao trânsito – e como, neste ritmo, a situação só tende a piorar. “US$ 40 trilhões de investimento seriam necessários só para melhorar a infraestrutura das cidades. Nenhum governo está disposto a pagar isso”, pontuou Bardin. Por isso, a mudança precisa partir, também, dos cidadãos. “Nós não chegamos ao futuro se ainda sentimos necessidade de ter nossos próprios carros”.
Para essa mudança acontecer, Bardin indica quatro frentes nas quais a evolução é necessária: a transição para carros elétricos, o entendimento do transporte enquanto serviço, a mobilidade compartilhada e os veículos autônomos – estes encarados por Bardin como o maior desafio tecnológico da geração atual, comparável à chegada do homem à lua ou à criação da internet.
Uma das iniciativas criadas com essa finalidade é o Waze Carpool, que funciona de forma similar a outros apps de mobilidade: o motorista informa sua rota de forma pública no aplicativo e outros usuários podem pedir carona conforme a conveniência. No Brasil, o serviço foi lançado em agosto de 2018 e já teve mais de duas milhões de corridas desde então.
O painel “Do Ponto A ao Ponto B” trouxe ao debate as mais novas startups que estão revolucionando o mercado de transporte. A Quicko, que participou da conversa, é uma das novas empresas que são lançadas dentro do evento. Pedro Somma, diretor de relações internacionais da startup, conta que o foco de trabalho da empresa é mapear o melhor caminho para os trajetos das pessoas, seja de carro compartilhado, transporte público, a pé ou mesmo patinetes eletrônicos.
Outra que participou do painel é a ZeZapp. A startup é focada em transporte de mercadorias em favelas de São Paulo. O problema que eles tentam resolver é que as principais empresas de transporte de cargas não entregam no local por questões de segurança. Em uma parceria com a Renault, eles fazem as entregas dentro áreas de periferia com um carro 100% elétrico.
Elétricos são o futuro
Os veículos elétricos ganharam protagonismo com lançamentos que prometem democratizar o acesso à solução. Um deles é a nova parceria entre a startup de compartilhamento de carros elétricos BeepBeep e a gestora de estacionamentos Indigo.
A partir de novembro, São Paulo começa a ganhar pontos de retirada e recarga de carros elétricos compartilhados em estacionamentos. O primeiro ponto fica no estacionamento do São Paulo Expo, onde é realizado o Welcome Tomorrow, com duas estações de recarga.
A iniciativa é pioneira no Brasil e se assemelha ao aluguel de patinetes elétricos: o valor final é composto pela taxa de desbloqueio ao tempo de uso. A princípio, a parceria inaugura seus hubs de mobilidade apenas em São Paulo, mas a estratégia pretende, em breve, se expandir para outras capitais.
Já a Cicloway traz novas opções de triciclos e mini-motos, todos elétricos. Uma das apostas da marca é a C7, triciclo para uso profissional. O veículo chega a 70km/h, tem 65 km de autonomia e chega ao mercado por R$ 32,7 mil. O C3, triciclo com foco em lazer disponível para test drive no evento, é uma opção mais ‘light. Com 35 km de autonomia, máximo de 30 km/h e dois modos de uso (em pé ou sentado), sai por R$ 9.990.
Vendas online
Um dos mais lotados painéis foi o de Luiza Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza. Ela contou sobre o case de inovação da Lu, o canal de vendas online da rede. A empresa, atualmente avaliada em R$ 4 bilhões, teve de se adaptar ao mercado para inovar. E o grande segredo foi valorizar o capital humano, a rede de colaboradores e a de relacionamento com o cliente.
Um dos momentos que gerou risos, foi quando ela contou sobre a queda que teve enquanto levava a tocha olímpica. O que poderia ser algo ruim, foi encarado como oportunidade. Dias depois a rede resolveu usar a queda da presidente da empresa para derrubar também os preços, se utilizando do meme que surgiu espontaneamente nas redes sociais.
Inovação na saúde
A inovação também passa pela saúde. Um painel do Welcome Tomorrow trouxe o tema do atendimento psicológico online, não presencial. Tatiana Pimenta, CEO e fundadora da plataforma de terapia online Vittude, diz que a empresa surgiu por um problema que ela passou quando a sua psicoterapeuta foi morar fora do país. Alguns profissionais resistiram a usar o canal, mas atualmente a adesão é de sucesso. “Atualmente um quarto dos nossos atendimentos são fora do país. Outra parte é de pessoas com questões de mobilidade”, diz.
A solução para a segurança nas cidades
A segurança urbana é um dos temas que giram em torno do tema das cidades inteligentes. Segurança é sinônimo de mais policiamento? Na verdade, não. “O mais relevante para é o que [a urbanista] Jane Jacobs disse anos atrás: ter olhos voltados para a rua”, afirma Iury Lima, CEO e sócio fundador do projeto Bairro da Gente. “É algo que a cidade antiga tinha e a moderna não tem mais: existem muros entre os olhos e as ruas, e a segurança se perdeu nisso”, explica.
Por isso, a melhor solução para a cidade do futuro ser de fato segura é ter integração: janelas voltadas para a rua, espaços caminháveis, iluminação pública, fachadas ativas e pedestres caminhando são algumas das saídas para retomar essa relação direta entre edifícios e rua. “É uma hierarquia de circulação de pessoas que privilegia pedestres e ciclistas sem excluir outros modais”, conclui. Eduardo Filipe, do iCities, complementa: “as pessoas acreditam que cidades inteligentes são sobre tecnologia. Na verdade, elas são sobre conexões”.
Sob outro ângulo, criar essa ligação entre pessoas no bairros é o objetivo da organização social FA.VELA, que acelera iniciativas de voluntariado em comunidades em Belo Horizonte, aumentando seu impacto nos territórios e criando agentes de mudança.
“Nós pensamos em três aspectos: se temos capacidade técnica para realizar o projeto; se existe uma demanda do serviço no território, para não explorar comercialmente, o que vai contra nossos valores éticos; e a sustentabilidade: se existe um parceiro ou investidor que quer financiar o que se quer fazer”, conta João Souza, co-fundador da organização.