Em um marco para o modo como as companhias do Ocidente fazem negócios na China, a Apple informou na quinta-feira que concordou com seu parceiro Foxconn em melhorar substancialmente as condições de trabalho nas fábricas que produzem seus aparelhos mais populares. A Foxconn que faz dispositivos como o iPhone e o iPad e é apontada como uma empregadora dura, que exige longas cargas horárias e fornece poucas folgas para os trabalhadores de suas fábricas, que têm o tamanho de cidades irá contratar dezenas de milhares de novos trabalhadores, melhorar condições de segurança e outros benefícios.
Trata-se de uma resposta a uma das maiores investigações já conduzidas sobre as operações de uma companhia norte-americana no exterior. A Apple concordou com a investigação independente da Fair Labor Association (FLA) diante de críticas de que sua produção era baseada no trabalho de chineses em condições questionáveis. A associação, após ouvir mais de 35 mil empregados da Foxconn (ao todo, são 1,2 milhão) em três fábricas, disse que havia múltiplas violações às leis do trabalho, incluindo excesso de horas trabalhadas e plantões não remunerados.
A Apple, empresa mais valiosa do mundo, e a Foxconn, maior empregadora do setor privado chinês e principal contratada para manufaturar produtos Apple, são tão dominantes na indústria global da tecnologia que o acordo firmado entre ambas provavelmente terá um impacto substancial em todo o setor. As condições de trabalho em muitas fabricantes na China que abastecem o Ocidente são consideravelmente piores do que aquelas da Foxconn. "A Apple e a Foxconn são obviamente as duas maiores no setor e a união delas para uma mudança realmente deve definir um novo padrão (de relações de trabalho) para o restante do setor", disse o presidente da FLA, Auret van Heerden,.
Mais imediatamente, o acordo Apple-Foxconn irá elevar os custos para outras fabricantes do Ocidente com contratos com chinesas, incluindo nomes como Dell, HP, Amazon.com, Motorola Mobility, Nokia e Sony. E provavelmente resultará em preços maiores dos produtos aos consumidores, embora o impacto possa ser limitado considerando que os custos trabalhistas são uma fração pequena de todo o dinheiro necessário para fabricação de produtos de alta tecnologia.
A Foxconn disse que vai reduzir a carga horária para 49 horas por semana, incluindo horas-extra, ao mesmo tempo em que manterá a remuneração atual. A auditoria da FLA descobriu que durante os picos de produção a carga chegava a superar 60 horas semanais, em média.
O vice-primeiro-ministro e provável futuro chefe de Governo chinês, Li Keqiang, afirmou ao presidente executivo da Apple, Tim Cook, que as empresas estrangeiras na China devem ter cuidado com seus empregados. A Apple não comentou a informação.
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