Brasília O Brasil fechou uma parceria com os Estados Unidos para desenvolver um projeto piloto, em um país do Caribe, voltado para a produção de biocombustíveis, como o etanol. O acordo foi acertado ontem entre a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o subsecretário de Estado para Assuntos Políticos dos Estados Unidos, Nicholas Burns.
A ministra disse que o governo dos EUA considera o Brasil "um dos protagonistas" na indústria de biocombustíveis. "No caso do etanol, eles propuseram a parceria para atuarmos em terceiros países", relatou Dilma.
A ministra contou ainda que, no encontro com Burns, o governo brasileiro enfatizou a importância da participação dos grupos privados nacionais nesse tipo de parceria, pois eles possuem a experiência. "A sugestão foi bem recebida. O ator principal deve ser o investidor privado", relatou Dilma.
Ela disse acreditar que é possível, nessa parceria, fortalecer as relações entre Brasil e Estados Unidos. "Usando a expressão do subsecretário, que disse que nós temos uma boa relação, mas ela pode ser uma grande relação."
"Aberrante"
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse ontemque as barreiras americanas para a importação do etanol brasileiro são "aberrantes". Para ele, se os EUA não reduzirem as sobretaxas que cobram e os gastos com subsídios para a cultura de milho, base da produção do etanol nos EUA, vão acabar distorcendo o mercado mundial que, junto com o Brasil, pretendem fomentar. E podem até desobedecer normas da OMC (Organização Mundial do Comércio).
"Não estamos falando necessariamente de que tem que haver um grande acordo [entre Brasil e EUA sobre etanol]. Pode haver ações de cooperação, e já temos empresas brasileiras na Jamaica e El Salvador (onde há investimento brasileiros e americanos) e isso é bom. Mas também é bom que eles possam liberar as importações diretas do Brasil", afirmou.
Os EUA são o principal mercado para as exportações brasileiras do etanol. Mas, para entrar lá, o produto paga US$ 0,14 por galão e taxa de 2,5% sobre o valor da transação. O etanol fabricado no Brasil, a partir da cana, é mais competitivo que o americano.
Dilma Rousseff considera que a atual visita de Burns "é importante", porque prepara o terreno para a vinda do presidente norte-americano, George W. Bush. Em Washington, a Casa Branca informou ontem que Bush visitará Brasil, Uruguai, Colômbia, Guatemala e México entre os dias 8 e 14 de março.