Uma jogada de mestre. É assim que o analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, define a estratégia da americana Delta Airlines, uma das maiores empresas aéreas do mundo, que, no final de semana passada, anunciou a compra de uma participação de 20% na Latam Airlines, no valor de US$ 1,9 bilhão.
Com isso, os americanos anunciaram o fim da parceria com a Gol, na qual tinham uma participação de 9,4%, e que será vendida. Mas, segundo ele, é possível esperar uma rápida reação da Gol, a maior empresa aérea brasileira.
“É um bom negócio (da Delta) tanto financeiramente, quanto operacionalmente”, diz. O analista afirma que as ações da Latam, listadas na Bolsa de Santiago, não vinham em um bom momento. De abril até a transação, elas experimentaram uma queda de 13,5% em pesos chilenos.
A Delta vai investir mais US$ 350 milhões para reforçar a parceria estratégica, irá adquirir quatro Airbus 350 da Latam e assumiu o compromisso desta em adquirir outros 10 aviões desse modelo até 2025, reforçando a estratégia de mudança na frota da empresa americana. Ela também terá representação na diretoria da Latam.
A Latam também terá acesso ao centro de operações da Delta, no aeroporto de Atlanta, o mais movimentado do mundo. No ano passado passaram 107,4 milhões de passageiros por lá, o equivalente à quase metade da população brasileira.
“Vai significar um crescimento da Delta na América Latina e a perda de espaço da American Airlines, que era parceira da Latam”, afirma Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos.
Panonko afirma que um dos principais atrativos da parceria é a forte presença da Latam na América do Sul, que transportou 71 milhões de passageiros nos últimos 12 meses. Ela é líder nos mercados chileno e peruano e é a segunda na Argentina, Brasil, Colômbia e Equador. “O acordo dá mais capilaridade à Delta.”
Os desafios da Gol
Apesar de a Gol ser a maior empresa aérea brasileira em voos domésticos - tem participação de 37,7% no mercado interno, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) -, sua presença no mercado internacional é pequeno. Seu share entre as empresas aéreas nacionais é de 12,9%, o que a coloca na terceira posição no ranking.
O que se deve esperar, segundo Arbertman, é uma reação rápida da Gol para reverter o cenário. Uma das possibilidades, segundo ele, passaria pelo estabelecimento de uma parceria com uma empresa americana. E a candidata natural é a American Airlines, uma vez que a Azul tem parceria com outra gigante americana, a United.
É possível, segundo Panonko, que a Gol tenha de rever sua estratégia de alianças. Outro importante parceiro dela é a companhia aérea franco-holandesa Air France-KLM, que é um grande parceiro da Delta. “Cria uma situação conflitante, já que passaria a ser um concorrente direto”, diz o analista da Toro.
Outra questão que coloca a Gol em uma situação de menor força é a relação com o seu programa de fidelidade, que é operado em uma empresa separada, a Smiles. “Tanto Azul, quanto a Latam, já tem essa questão resolvida, que é a internalização do programa de fidelidade na estrutura da empresa.”
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