A luta continua, mas com mais sofisticação
Foi-se o tempo em que a luta sindical se resumia apenas à distribuição de panfletos, discursos inflamados sobre carros de som e mobilização de trabalhadores em porta de fábricas.
PROJEÇÃO
Ganhos reais serão maiores que em 2009
Pelo menos outras seis grandes categorias profissionais da economia do Paraná tem data-base até o fim do ano bancários, petroleiros, metalúrgicos da indústria metal-mecânica e de autopeças e funcionários das indústrias de alimentos e vestuário. A estimativa do economista do Dieese Cid Cordeiro é de que estas categorias profissionais consigam aumentos reais, acima da inflação, de entre 2% e 5%. O bom momento da economia deve propiciar ganhos maiores que os do ano ano passado o ganho real no mesmo período de 2009 oscilou entre 1% e 2% para a maioria das categorias. O Dieese projeta ainda um recorde no número de acordos salariais com ganho real, acima até mesmo dos resultados do primeiro semestre, quando 97% das categorias conseguiram reajustes acima da reposição da inflação. "A negociação dos metalúrgicos feita no Paraná provavelmente servirá como referência nacional para negociações coletivas", disse Cordeiro. "O resultado vai depender da situação de cada segmento, mas a tendência aponta para um aumento real maior do que o conquistado em anos anterios, pelo bom desempenho da economia."
O reajuste salarial, o abono e a participação nos lucros e resultados dos metalúrgicos do polo automotivo da região de Curitiba vão injetar R$ 193 milhões na economia do Paraná ao longo dos próximos 12 meses. O valor, resultado do acordo fechado pelos cerca de 10,6 mil funcionários das montadoras Renault, Volvo e Volkswagen, equivale a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) de Curitiba e poderia pagar um salário mínimo para cerca de 28 mil trabalhadores (número semelhante à população da cidade de Palotina, no Oeste do estado) ao longo de um ano, segundo estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O salário dos metalúrgicos das três empresas será reajustado em 10,08%, número que corresponde à reposição da inflação em 12 meses medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), acrescida de aumento real de 5,55%. O último acordo foi fechado ontem com a Volkswagen.
Isoladamente, o reajuste equivale a cerca de R$ 53,39 milhões novos na economia, considerando um salário médio de R$ 2 mil, segundo o Dieese. Os funcionários também receberão um abono salarial de R$ 4,2 mil, que será pago em duas parcelas (setembro e outubro) e responde por mais R$ 44 milhões. Somam-se ao montante os valores referentes à participação nos lucros e resultados das montadoras, conquistados em maio pela categoria em média, R$ 9 mil, que totalizam mais de R$ 95,4 milhões.
As negociações salarias deste ano foram bem mais fáceis e rápidas que as de 2009, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), Sérgio Butka, em decorrência da situação econômica do país e da maior demanda por veículos. "O resultado da negociação reflete o bom momento que vive a economia e deve beneficiar a sociedade como um todo. Novos recursos entram no mercado, o consumidor gasta mais e empregos são gerados." Os funcionários da Volks deixaram de trabalhar por apenas dois dias neste ano, contra quase 20 no ano passado. Os metalúrgicos da Volvo cruzaram os braços um dia e os da Renault, apenas algumas horas nos últimos dias.
Pelos cálculos do economista do Dieese Cid Cordeiro, os acordos representam um incremento de 55% além da variação da inflação no bolso do trabalhador, o que sugere que seu poder de compra ficou maior. Cordeiro garante, no entanto, que esse aumento não deve ter efeito inflacionário, porque é resultado de mais produtividade e de um maior nível de eficiência acumulado pelas empresas. "O que está acontecendo é uma transferência dessa melhoria para o salário dos trabalhadores. Ou seja, isso deve se refletir em crescimento para o país, e não em pressão de inflação."
Com o reajuste, os pisos salariais do estado foram fixados em R$ 1.520,92 na Renault e na Volvo, e em R$ 1.497,09 na Volkswagen, segundo dados do sindicato. Os trabalhadores do estado têm um dos maiores pisos salariais do setor no país mas, segundo Butka, ainda ganham cerca de 40% a menos, em média, do que os trabalhadores do ABC paulista, principal polo automotivo brasileiro. De acordo com o sindicato, a média salarial do metalúrgico paulista é de R$ 3,2 mil, enquanto a do paranaense fica em R$ 2,2 mil.
Ainda segundo o sindicato, os 10,6 mil metalúrgicos paranaenses representam 10% dos trabalhadores do setor automotivo do país. As montadoras do Paraná devem fechar 2010 com produção recorde de mais de 400 mil veículos, superando os 350.678 produzidos no ano passado. Com isso, a expectativa é que a participação do estado na produção nacional passe de 11% para 12,5%.
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