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Garuva e Curitiba – Representantes dos governos dos três estados do Sul e do Ministério da Agricultura estabeleceram ontem novos critérios para a entrada de carnes e derivados em Santa Catarina. Com isso, a fiscalização será menos rígida para os produtos com origem no Paraná. A carne bovina, que vinha sendo barrada na divisa com o território catarinense, voltará a ser liberada, desde que os cortes sejam desossados, maturados e embalados a vácuo.

O acordo firmado entre os estados também deixou livre a entrada de frangos abatidos no Paraná, e de miúdos, além de carne suína processada por empresas paranaenses. A lista da liberação é completada por leite pasterizado e seus derivados, mais o produto cru – este com a condição de que seja transportado para a indústria. O Paraná também decidiu afrouxar suas regras de embargo e passou a aceitar a compra de carne sem osso do Mato Grosso do Sul para consumo interno.

Exportadores vinham pedindo que os catarinenses aceitassem os novos critérios porque os portos de Itajaí e São Francisco do Sul são importantes pontos de embarque de carnes. Eles respondem pelo escoamento de cerca de 25% do volume vendido pelo Paraná para outros países. Na semana passada, a rigidez na divisa fez com que o Frigorífico Garantia, de Maringá, precisasse esperar dois dias para liberar contêineres contendo carne bovina e que eram transportados para Itajaí. Segundo a direção da empresa, o porto catarinense foi escolhido porque impõe um grau menor de burocracia na área sanitária do que Paranaguá.

Espera

O embargo catarinense ainda é bastante rigoroso para cargas de estados acima do Paraná e fez com que dezenas de caminhões fossem barrados nos últimos dias na divisa com o território paranaense. O caminhoneiro Sebastião Cardoso saiu de Sinop (MT) no último dia 8, rodou 2.360 quilômetros e cruzou três estados até ser barrado na divisa do Paraná com Santa Catarina. Ele trazia no furgão frigorífico 26,5 toneladas de uma carga proibida para os catarinenses desde a descoberta do primeiro foco de febre aftosa em Eldorado, no Mato Grosso do Sul, dia 10. Sebastião deu azar. Chegou ao posto fiscal de Garuva na mesma data em que o governo catarinense decretou o embargo.

Sebastião entra hoje no décimo dia de espera, estacionado no pátio de um posto de combustível. Ele e dois colegas vindos de Goiás são os remanescentes de levas de caminhoneiros que nos últimos dias foram impedidos de cruzar a divisa. À medida que eles se aglomeravam nas imediações do posto fiscal de Garuva, a Polícia Militar catarinense os escoltava em comboio de volta ao Paraná.

"Fomos tratados como cachorros, largados no meio da estrada", reclama Sebastião. À espera do fim do embargo, a empresa mato-grossense Vale Grande Indústria e Comércio de Alimentos, dona da carga, mandou-o aguardar. Enquanto isso, o prejuízo se acumula. Somada a despesa com alimentação e óleo diesel para manter a carne resfriada, Sebastião gasta R$ 120 por dia, em média. A demora também pode comprometer a qualidade da carga, que custa R$ 115 mil. "Quem vai pagar nosso prejuízo, o governo de Santa Catarina?", questiona. A carga seguiria para Itajaí.

Ronei Henche, 25, e Sebastião Leite, 53, estão na mesma situação. Viajaram 1.700 quilômetros desde Santa Fé de Goiás até serem barrados no posto fiscal de Garuva. O primeiro chegou dia 10, com 7,6 toneladas de carne bovina desossada; o segundo, dia 12, com 9 toneladas. As cargas iriam para a rede de supermercados Mini Preço, em Santa Catarina. Também orientados a esperar, assim como o colega de Sinop, eles não entendem a razão do embargo. "Minha carga estava a 2 mil quilômetros do foco de aftosa, a deles a mais de 3 mil quilômetros", argumenta Sebastião Cardoso.

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