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O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou hoje em alta de 1,8%, a 55.973 pontos, após o Senado dos Estados Unidos ter chegado a um acordo para elevar o limite de endividamento do governo daquele país e evitar um calote aos credores. Também contribuiu para a alta a valorização das ações da OGX, petroleira de Eike Batista.

Foi o sexto ganho consecutivo do Ibovespa, que atingiu seu maior nível desde 28 de maio, quando estava em 56.036 pontos. O índice acompanhou o bom humor dos mercados americanos, com o indicador Dow Jones fechando em alta de 1,36%, enquanto o S&P 500 avançou 1,38%, e o Nasdaq teve ganho de 1,20%.

O clima mais ameno entre os investidores também reduziu a demanda por aplicações consideradas mais seguras, como a moeda americana, que fechou em queda.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve baixa de 0,97% em relação ao real, cotado em R$ 2,160 na venda --menor valor desde 14 de junho deste ano, quando estava em R$ 2,140. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedeu 0,22% no dia, a R$ 2,175.

Nos EUA, a proposta apresentada pelo Senado autoriza o Tesouro americano a continuar se endividando até 7 de fevereiro de 2014. Também prevê a "reabertura" do governo americano até 15 de janeiro. A paralisação de repartições públicas e dos servidores devido ao impasse sobre o Orçamento já dura 16 dias.

Um comitê será montado para discutir soluções permanentes para os dois problemas e terá até o início de dezembro para chegar a um acordo de longo prazo. O presidente dos EUA, Barack Obama, aprovou o acordo e deseja que o Congresso aprove logo a medida, disse a Casa Branca em nota. A votação ocorre ainda hoje.

O mercado olhava com cautela o impasse nos EUA, pois amanhã seria quando os EUA gastariam os últimos recursos disponíveis para honrar sua dívida. O calote teria impacto negativo sobre o mundo inteiro, cuja economia já está fragilizada.

Especialistas consultados pela Folha já haviam alertado, no entanto, que a chance de que republicanos e democratas não chegassem a um consenso era pequena."Estamos falando de muito dinheiro que deixaria de ser pago aos credores, sendo a economia chinesa o principal deles.

Imagina o efeito em cadeia: EUA dão calote na China, que dá calote em nos países com os quais mantém relações comerciais, ou seja, o Brasil e o mundo. Um estrago sem precedentes", disse Julio Hegedus, economista-chefe da consultoria Lopes Filho.

Para João Brügger, analista da Leme Investimentos, o aumento no prazo para que o Tesouro dos EUA continue se endividando é positivo, pois retira a pressão dos mercados no curto prazo. "Mas não podemos esquecer que essa solução é temporária, e deverá voltar a pressionar as Bolsas no início do ano que vem", diz.

Mesmo assim, a perspectiva é de que a Bolsa brasileira se beneficie do impasse ocorrido nos EUA, já que o episódio deve influenciar no adiamento do corte nos estímulos econômicos naquele país, o que garante, ao menos por ora, um volume maior de investimentos estrangeiros nos emergentes.

OGX Dispara

Contribuindo para a alta da Bolsa brasileira, as ações da OGX, petroleira de Eike Batista, lideraram os ganhos do Ibovespa hoje, com alta de 44,12%, a R$ 0,49.

O movimento refletiu a notícia de que Eike demitiu o presidente da OGX, Luiz Carneiro, a pedido de um investidor disposto a colocar dinheiro na empresa, que fez questão da troca dos executivos, segundo a Folha de S.Paulo apurou.

"Mais da metade da alta do Ibovespa hoje deve-se ao desempenho da OGX, de Eike Batista. O movimento, no entanto, tem como base rumores. Até então, o empresário não se manifestou publicamente sobre o novo investidor que ele encontrou para sua petroleira, o que sugere cautela", diz Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos.

Segundo Müller, a entrada de um investidor estratégico na OGX pode ser uma reviravolta para a empresa. "Além disso, como a ação estava muito depreciada, tinha espaço para uma alta mais agressiva, como vimos nesses dois últimos dias", completa.

O dia também foi marcado pelo vencimento de opções de Ibovespa e contratos de futuro, o que estimulou um volume financeiro bem maior que a média do mês na Bolsa brasileira. O giro financeiro de hoje foi de R$ 14,667 bilhões.

Câmbio

No câmbio, além do cenário americano, também contribuiu para a queda do dólar hoje o fato de o Banco Central ter realizado pela manhã um leilão de swap cambial tradicional, que equivale à venda de dólares no mercado futuro.

A autoridade vendeu, ao todo, 10 mil contratos com vencimento em 5 de março de 2014, por US$ 497,7 milhões. A operação estava prevista pelo plano da autoridade para conter a escalada do dólar.

No final do dia, porém, a queda do dólar perdeu força com especulações de que o BC possa interromper seu programa de intervenções diárias no câmbio, diante da desvalorização recente da moeda americana, que chegou a um nível que pode incomodar os exportadores no país.

A análise ganhou ainda mais força depois de o BC não ter anunciado o leilão de swap previsto para amanhã. Desde o início do programa, em 22 de agosto, o BC anuncia religiosamente às 14h30 (horário de Brasília) a intervenção com swap para o dia seguinte, com raríssimas exceções de variações de minutos.

Questionada se havia alguma mudança no horário do anúncio, a assessoria de imprensa do BC informou que não tinha ainda um posicionamento.

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