O acordo comercial anunciado na semana passada entre Estados Unidos e 11 países do Pacífico trouxe apreensão para o setor produtivo brasileiro. A expectativa é que antes mesmo de ser implementada, a parceria já traga prejuízos para o País, com uma possível redução nas exportações e investimentos. No segmento industrial, que exporta 35% dos produtos manufaturados para as nações que integram o tratado, a preocupação é com o desvio do comércio internacional.

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O gerente executivo de Comércio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Diego Bonomo, explica que as grandes empresas, que fazem planejamento de longo prazo, vão incorporar o acordo imediatamente em suas estratégias. Isso significa substituir o que compram do Brasil - ou de outro país - por produtos fabricados nas nações que compõem o acordo. “Esse efeito já pode aparecer em dois ou quatro anos antes de o tratado ser implementado.”

O acordo comercial, chamado de Parceria Transpacífica (TPP), envolve 40% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e demandou mais de oito anos de discussões. Além dos Estados Unidos, inclui Canadá, Japão, Austrália, Nova Zelândia, Malásia, Cingapura, Brunei, Vietnã, México, Peru e Chile. Enquanto essas nações se debruçavam nas negociações, o Brasil avançou pouco ou quase nada.

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Para o economista e professor da Unicamp Julio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, a situação ficou difícil para o Brasil, já que o acordo cria regras comuns para um conjunto de economias que hoje se desenvolve em cadeias globais de valor. “As regiões reunidas nesse acordo vão ficar mais atraentes para as grandes empresas internacionais. A posição do Brasil, que tem uma participação pequena nas cadeias globais, ficará fragilizada.”

Atualmente, diz ele, o Brasil ocupa a 11ª posição entre as nações mais industrializadas e representa 1,6% do PIB mundial da indústria. Por outro lado, a participação nas exportações mundiais de manufaturados é de apenas 0,7%, o que representa a 31ª posição no ranking mundial. A expectativa é que o tratado ajude a piorar essa posição.

“Mais uma vez, o Brasil só assiste o surgimento de um novo acordo comercial, que nos deixa cada vez mais vulneráveis e sem competitividade”, afirma o diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz.

Na agropecuária, o acordo também causou tensão. Concorrentes do Brasil na produção de carnes, lácteos e frutas estão dentro do novo acordo e podem abocanhar uma fatia de mercado atendida pelas empresas nacionais, afirma a Superintendente de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Alinne Oliveira.

Para o gerente de economia da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Daniel Furlan Amaral, o acordo trará prejuízos, mas não significará perda de exportações de soja. Para ele, os Estados Unidos não poderão atender sozinhos todo o mercado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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