Campo Mourão A frustração no projeto inicial de produção de açúcar mascavo, há cinco anos, quase fez o empresário Antônio Carlos Cardoso, de Engenheiro Beltrão, Centro-Oeste paranaense, desistir do negócio. "No início foi complicado. O açúcar queimava e tinha de ser jogado fora", relembra. Mesmo com os problemas, ele foi persistente, e a produção artesanal da Ecoaçúcar Indústria de Açúcar Mascavo Ltda. ganhou o mercado internacional. O produto, sem adição de químicos do cultivo da cana ao refino do açúcar , é exportado para a Coréia do Sul e os Estados Unidos.
Para tanto, foi preciso recomeçar do zero. Cardoso desistiu de vender a propriedade de 150 hectares para o plantio de cana e fez um estudo aprofundado na usina. Aos poucos, a produção engrenou e o açúcar orgânico ganhou o mercado nacional. "A venda para as grandes capitais foi um pontapé para que o produto fosse apreciado por grandes consumidores", conta.
A Ecoaçúcar tornou-se conhecida, segundo o empresário, pela qualidade e pelos métodos de produção. "A qualidade chamou a atenção dos coreanos". Há três anos, a empresa começou a vender para a Coréia, num volume ainda tímido. "A exportação começou com uma tonelada por ano e atualmente são cinco toneladas por mês", comemora Cardoso.
A diferença da produção da empresa começa na lavoura a área de plantio precisa ser livre de produtos químicos. "São utilizados somente fertilizantes orgânicos e compostagem, mistura do bagaço da cana-de-açúcar com resíduos animais", explica. Na usina, garante o empresário, o açúcar também é produzido sem aditivos químicos. "Tudo tem de ser natural e com isso o açúcar permanece com sais minerais e vitaminas."
A certificação de açúcar orgânico levou a produção de Engenheiro Beltrão a uma feira nos Estados Unidos, e em junho deste ano a rede varejista norte-americana Whole Foods Market fechou um contrato para comprar da Ecoaçúcar. "Na próxima semana embarcam 600 quilos de açúcar mascavo para os Estados Unidos", afirma Antônio Cardoso.
A exposição foi possível graças ao projeto Orgânicos do Brasil, uma parceria entre Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Agência de Promoção de Exportação e Investimentos do Brasil (Apex) e Instituto Paranaense de Desenvolvimento (IPD). A Apex também desenvolve, desde 2003, um projeto para incentivar a exportação de orgânicos brasileiros, já que é grande a demanda por esse tipo de produto no exterior. Do Paraná, são vendidos banana-passa, soja, café, cachaça e açúcar mascavo.
