O ministro das Finanças de Chipre, Michalis Sarris, renunciou nesta terça-feira (2) em meio às investigações sobre sua atuação no Laiki Bank, dissolvido após o resgate financeiro do país. Ele é acusado de provocar a crise quando fazia parte da diretoria da instituição.
O banco era o segundo maior do país e foi incorporado pelo primeiro, o Banco de Chipre, na reestruturação pedida pelos credores internacionais para conceder o socorro de 10 bilhões de euros (R$ 26 bilhões). Os clientes com depósitos de mais de 100 mil euros podem perder mais de 60% do valor investido com o confisco do governo.
Em entrevista, o ministro disse que renunciou para facilitar as investigações sobre os motivos que levaram o banco à crise financeira. O governo informou que o presidente Nicos Anastasiades aceitou a demissão, após receber a carta de renúncia nesta manhã.
Sarris foi o responsável pela negociação do resgate com os credores internacionais -União Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e FMI (Fundo Monetário Internacional). Ele também pediu o aumento do prazo do empréstimo de 2,5 bilhões de euros (R$ 6,5 bilhões) com a Rússia.
O anúncio da renúncia foi feito após um relaxamento parcial dos controles financeiros do governo sobre os depósitos, que estavam restritos desde o fim do feriado bancário, na última quinta. A partir de hoje, as transações financeiras maiores que 5.000 euros (R$ 13 mil) não precisarão de autorização do banco central. O país ainda havia restringido os saques a um limite diário de 300 euros (R$ 774) por cliente e o teto de 5.000 euros mensais para compras no exterior. Quem viajar para fora da ilha não poderia levar mais que 3.000 euros (R$ 7,74 mil). O uso de cartões de débito e crédito também foi controlado.
Escândalo
Não é a primeira vez que um dos integrantes do governo de Chipre é acusado de participação na crise bancária. No domingo, o jornal "Haravgi", ligado à oposição, havia acusado familiares do presidente Nicos Anastasiades de fazer uma transferência de 21 milhões de euros (R$ 54,6 milhões) do Laiki Bank.
A transação teria ocorrido poucos dias antes do anúncio do resgate financeiro, em 16 de março. Ontem, o presidente negou que a transferência tenha sido feita.
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