A Associação Brasileira do Comércio Exterior (AEB) fez uma revisão e reduziu a projeção anual da balança comercial, com previsão de queda de 5% das exportações este ano, que deverão atingir US$ 230,511 bilhões, ante US$ 242,580 bilhões, em 2012. Na projeção feita em 18 de dezembro do ano passado, as exportações brasileiras atingiriam US$ 239,690 bilhões, em 2013.
As importações deverão somar US$ 232,519 bilhões, mostrando incremento de 4,2% no ano, em relação a 2012. Em dezembro, a projeção era superávit de US$ 14,620 bilhões da balança comercial. Com a revisão, a associação estima déficit comercial de US$ 2,008 bilhões este ano. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (17) pela AEB.
O presidente da AEB, José Augusto de Castro, esclareceu que o principal produto que levou à alteração das projeções foi o petróleo, em função da queda da produção interna. Segundo ele, a quantidade exportada de petróleo caiu significativamente. "Houve queda, porque houve uma redução da produção do mercado interno e parte dessa produção foi utilizada para processar derivados".
A queda na exportação de petróleo no primeiro semestre chegou a 43%. Em termos de preço, a retração atingiu 11%. Castro destacou que as importações de petróleo efetuadas em 2012, no valor de US$ 4,5 bilhões, estão sendo contabilizadas este ano.
Outras commodities (produtos agrícolas e minerais vendidos no mercado internacional) também foram afetadas. A exportação do algodão caiu devido à menor área plantada no Brasil, além da redução no volume de milho exportado, porque os Estados Unidos recuperaram a produção e devem voltar a ocupar espaço no mercado. Castro disse que as vendas externas de óleos combustíveis tiveram queda de 34%. O preço diminuiu 9%.
Já açúcar e café enfrentarão forte queda de preço, mas não de quantidade exportada, enquanto a soja deverá apresentar estabilidade. "De uma forma geral, as commodities têm queda de preço". Castro acrescentou que, no segundo semestre, deve continuar forte a tendência de queda de preço. O minério de ferro, por exemplo, teve cotação de US$ 103 por tonelada, no primeiro semestre, e já caiu para US$ 91,20, devendo chegar a cotação de US$ 95 no segundo semestre, de acordo com a AEB.
"Tudo sinaliza queda de preço, porque os dois blocos demandantes de commodities, que são a China e a União Europeia, ou têm problemas, como os países europeus, ou estão reduzindo o ritmo de crescimento, como a China. Então, isso afeta o Brasil diretamente", disse.
O presidente da AEB avaliou que se a taxa de câmbio chegar a R$ 3, "para o Brasil, estranhamente, é pior". "Se a taxa de câmbio subir muito, os compradores de commodities vão querer desconto de preço, o que é pior para o país". Uma elevação do câmbio poderia ajudar a exportação de manufaturados, admitiu Castro. Lembrou, porém, que não há segurança de a taxa permanecer no mesmo patamar. Mesmo que o câmbio beneficiasse os manufaturados, o impacto, em termos estatísticos, só ocorreria em 2014.
Para os próximos seis meses, a AEB prevê desaceleração das importações, com crescimento de 4,2% no ano, em função da taxa de câmbio e da queda do consumo interno.
"E como nós não temos nenhum controle sobre as commodities, nós temos que apenas torcer para que não piore mais e acompanhar", acrescentou Castro. As medidas restritivas às importações que poderão ser adotadas pela Argentina também terão, eventualmente, efeito negativo sobre a balança brasileira.