Com forte peso da indústria automobilística e extrativa na estrutura produtiva, o Estado de Minas Gerais registrou uma brusca desaceleração no crescimento em outubro. O setor industrial apresentou alta de 1,2% na produção na região ante igual mês do ano passado, a menor variação apurada pelo IBGE em 28 meses. Ante setembro, houve queda de 1,9%. O segmento de veículos automotores despencou a produção em 16,2% ante outubro de 2007, o pior resultado em mais de cinco anos.

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Para economistas do IBGE e do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os mesmos segmentos que colocaram a indústria mineira entre as regiões líderes do crescimento industrial vão adicionar dificuldades adicionais ao Estado neste momento de crise internacional. O governador Aécio Neves tem anunciado, desde o início deste mês, medidas para tentar conter a derrocada na indústria e, na semana que vem, vai dobrar de R$ 300 milhões para R$ 600 milhões a linha de crédito do Banco de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais (BDMG) para grandes empresas, sobretudo siderúrgicas, segundo informou a sua assessoria. "Não há razão para alarmismos. O que existe é a necessidade de tomarmos medidas específicas que minimizem os efeitos da crise em determinados setores", disse o governador. Ele anunciou também o adiamento da cobrança de IPVA para caminhões e a primeira parcela, que seria cobrada em janeiro, só começará a ser paga em abril.

A indústria extrativa mineira ainda mostrou expansão (1,6%) em outubro, mas a elevação foi a menor registrada desde maio de 2002. O economista André Macedo, da coordenação de indústria do IBGE, explica que a indústria automobilística tem peso significativo (cerca de 16%) na estrutura industrial de Minas e em outubro, afetado por férias coletivas, esse segmento teve forte impacto negativo nos resultados do Estado.

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As indústrias extrativa e de automóveis têm, juntas, peso de cerca de 30% na produção mineira. A produção da extrativa mineral, segundo Macedo, tem sofrido com a desaceleração no crescimento das exportações e as incertezas no mercado internacional.

Os problemas nesse segmento levaram ao anúncio de demissão em massa em unidades da Vale no Estado. "Estamos vendo com muita preocupação o início dessas demissões em Minas. Lamento não ter sido comunicado anteriormente como fui em relação a outros investimentos ou a outros problemas que a Vale teve em Minas Gerais", desabafou o governador.

Os problemas enfrentados na indústria de Minas têm forte efeito nos dados nacionais, já que o Estado disputa com o Rio de Janeiro o segundo maior peso na estrutura industrial brasileira, com uma fatia de 10,5% (igual a fluminense), perdendo apenas para São Paulo, que tem cerca de 40% do total.

O professor da Unicamp e consultor do Iedi, Júlio Sérgio Gomes de Almeida, lembra que a indústria mineira liderou a expansão da indústria logo após o início da forte recuperação do setor, a partir do início de 2007 e, agora, "vai sofrer proporcionalmente aos benefícios que teve no início desse processo de expansão". Ele argumenta que os setores com maior peso no Estado - além da extrativa e automobilística, a metalurgia básica - têm sido os mais afetados pela crise. "Minas tem uma exposição muito grande nos setores que estão comandando a retração da indústria", afirmou.

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