As três principais companhias aéreas que operam no Brasil – Azul, Gol e Latam, e que juntas detêm 99,6% de participação de mercado – anunciaram um plano para oferecer 25 milhões de passagens aéreas por preços entre R$ 699 e R$ 799. O valor vai depender da companhia aérea.
O plano foi apresentado pelos presidentes dessas empresas ao lado do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, que vinha prometendo um programa para baratear os preços. A mesma pasta vinha prometendo desde o início do ano um programa de passagens por até R$ 200, o Voa Brasil. As expectativas, agora, são que ele saia do papel em fevereiro.
Os preços, entretanto, estão próximos da média cobrada em setembro, quando o preço médio das tarifas domésticas ficou em R$ 747,66, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). É o valor real – já descontada a inflação – mais alto dos últimos 14 anos.
O CEO da Azul, John Rogerson disse que a decisão foi tomada após conversas com o ministro. "Nós sentamos com o ministro e ele falou: 'não dá, as passagens estão caras'. A gente falou: 'puxa, temos passagens caras e não estamos ganhando dinheiro. Tem alguma coisa para solucionar aqui.'"
Passagens são um dos vilões da inflação
As passagens aéreas são um dos vilões da inflação neste ano. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, entre janeiro e outubro, elas aumentaram 35,9%.
Segundo as empresas, três fatores teriam pesado na alta dos preços: o aumento do querosene de aviação, os elevados juros e a alta judicialização. Costa Filho disse que 8% dos processos judiciais no mundo contra empresas aéreas ocorrem no Brasil.
O Ministério dos Portos e Aeroportos disse que, mesmo com a estratégia das empresas, o governo vai atuar em três frentes para reduzir os preços das passagens.
O primeiro passa por negociações com Petrobras e Ministério das Minas e Energia para reduzir o valor do querosene de aviação, que subiu 89% neste ano. Outro é discussão com o Judiciário para dar mais segurança contra a "enxurrada da judicialização", que absorve R$ 1 bilhão por ano das empresas aéreas. Também foi feita a promessa da construção de 120 aeroportos nos próximos três anos.
Cenário de preços segue tendência mundial
A Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear) aponta que o atual cenário das passagens aéreas no Brasil segue movimento semelhante aos dos demais mercados em todo o mundo.
“Considerando a série histórica da Anac, fica claro que a tarifa média acompanha os efeitos externos, dado que a aviação é um setor fortemente afetado pelo dólar, que representa 60% dos custos de uma companhia aérea e pelo combustível, que representa 40%”, destaca a entidade.
A entidade empresarial aponta que a tarifa média doméstica em 2023, entre janeiro e setembro, teve alta de 14% em relação ao mesmo período de 2019, o ano pré-pandemia.
Segundo a Abear, as companhias aéreas em todo o mundo ainda buscam neutralizar os impactos pela maior crise da história. Nos EUA, dados do Departamento de Transportes (DoT, na sigla em inglês) mostram que as tarifas ficaram 10% mais caras entre o segundo trimestre de 2019 e 2023.
Estudo da empresa de análise de aviação Cirium aponta que os preços médios dos bilhetes para centenas das rotas mais populares no mundo aumentaram 27,4% desde o início de 2022.
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