O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, anunciou que os aeroportos de Goiânia, Recife e Vitória vão fazer parte de uma nova rodada de concessões de 10 terminais da Infraero à iniciativa privada. O leilão ainda está em estudos e deve ocorrer apenas em 2018. Já os aeroportos de Congonhas, em São Paulo; Santos Dumont, no Rio; Curitiba e Manaus continuarão sob o guarda-chuva da estatal.
Dyogo disse que o governo estuda “uma extensa lista” de aeroportos para oferecer ao setor privado. Na semana passada, o governo obteve R$ 3,72 bilhões com a venda dos aeroportos de Salvador (BA), Fortaleza (CE), Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS). Desse total, uma parcela de R$ 1,459 bilhão será paga ainda neste ano, 93,7% mais que o mínimo previsto, de R$ 753,5 milhões.
Segundo o ministro, ainda está em estudo qual será o plano de negócios da “Nova Infraero”. Para essa nova empresa, o governo trabalha com a possibilidade de uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) ou uma operação de fusão e aquisição. O modelo do negócio será decidido após contratação de assessoria financeira para esse plano e avaliação do valor dessa companhia.
Empreiteiras
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, comemorou o fato de que novos investidores surgiram no leilão de aeroportos, portos e energia. Ele celebrou a ausência de empreiteiras, que arremataram as concessões de infraestrutura nas licitações realizadas nos últimos anos e hoje são alvo de investigações da Operação Lava Jato.
“Nas concessões anteriores, os players eram sempre os mesmos”, afirmou, ao participar da conferência organizada pelo Council of The Americas. Segundo ele, o governo foi ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) buscar indicadores que permitissem ampliar o ambiente de concorrência e evitar as mesmas “cinco ou oito” empresas de sempre.
Operadores europeus ficaram com os quatro aeroportos licitados na semana passada. A alemã Fraport ficou com os terminais de Porto Alegre e Fortaleza, para os quais ofereceu um ágio de 852% e 18%, respectivamente. A francesa Vinci Airports ficou com Salvador e pagou um ágio de 113%. A Zurich ficou com o terminal de Florianópolis e ofereceu ágio de 58%.
Moreira disse ainda que as propostas foram realistas, pois os lances feitos em rodadas anteriores não expressavam avaliações de risco contundentes. Ele fez uma referência explícita ao caso de Galeão, cuja concessionária, formada pela Odebrecht e pela Changi, de Cingapura, fez uma oferta de R$ 19 bilhões, ágio de 294%.
Moreira, que em novembro de 2013 era ministro da Secretaria de Aviação Civil, bateu o martelo do leilão de Galeão e previu um novo ambiente nas estruturas aeroportuárias e a melhoria da qualidade dos serviços aos passageiros. Ontem, disse que o lance foi “absurdo”, “como se fosse natural um número dessa dimensão”. Moreira disse ainda que o governo não trabalha mais com taxas de retorno fixas para as concessões. “Agora, os empresários são obrigados a fazer contas.”