As mulheres estão ocupando cada vez mais postos no mercado de trabalho, mas ao mesmo tempo ainda são as maiores responsáveis pelos serviços domésticos. Em média, elas dedicam quase 24 horas semanais aos afazeres da casa os homens, apenas 9,7 horas. Esse fenômeno, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), atrapalha a ascensão das mulheres no mercado de trabalho.
A contradição entre o crescente protagonismo feminino na economia e as atividades do lar têm influência negativa na remuneração média: mesmo com indicadores de escolaridade superiores aos do sexo masculino, as mulheres ganham salários 27,7% inferiores, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outro exemplo da desigualdade dos gêneros é que as mulheres também estão mais inseridas em ocupações consideradas precárias, de baixa remuneração: em 2008, 42,1% tinham esse tipo de emprego, frente 26% dos homens.
De acordo com a coordenadora de igualdade e gênero do Ipea, Natália Fontoura, o crescimento no número de profissionais liberais mais escolarizadas não necessariamente muda o cenário porque elas delegam as responsabilidades da casa a outras mulheres, as empregadas domésticas. "Isso cria um encadeamento perverso de mulheres ligadas a atribuições que deveriam ser de todos", diz.
O pesquisador Cimar Azeredo, do IBGE, afirma que os números são um reflexo da atuação de homens e mulheres em um mercado de trabalho de funções heterogêneas. "No setor de saúde, por exemplo, há muitas mulheres trabalhando como enfermeiras e muitos homens trabalhando como médicos profissão que dá um retorno financeiro maior. Da mesma maneira, há muitas mulheres trabalhando como professoras do ensino básico e muitos homens, como professores universitários", diz. "Ainda há carreiras em que a mulher não está muito presente."
Ascensão
Empregos que tradicionalmente eram exclusivos de homens, no entanto, começaram a ser ocupados por mulheres. É o caso da publicitária Maysa Simões, que há quase dois anos trabalha como diretora de comunicação e marketing da Associação Paranaense de Cultura (APC). Com 13 anos de atuação executiva no currículo, ela se tornou a primeira mulher em um cargo diretivo da entidade, principal mantenedora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). "Faço parte de uma geração que tem perspectivas de conquista, que não abre mão do trabalho, mas também não quer abrir mão da educação dos filhos", diz. Quem perde espaço nessa disputa, então, é o lazer. "A parte do descanso, ligado à criatividade, sem dúvida está sendo suprimida."
Interatividade
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