Curitiba A indústria do Paraná amarga perdas há quatro meses consecutivos. Em outubro, a produção industrial apresentou queda de 6,19% em relação ao mesmo mês de 2004 e a crise já se reflete no nível de emprego, que também registrou saldo negativo. Produzindo menos, a indústria do Paraná também vendeu menos em outubro. A queda do faturamento foi de 2,5%. O único destaque positivo foi da indústria de veículos automotores, que elevou a produção em 27%. O segmento tem grande peso no resultado final da indústria, o que evitou que o recuo fosse ainda maior. Na média brasileira, a produção industrial cresceu 0,4%, em outubro, conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Embora tenha havido queda no faturamento de 8 dos 14 segmentos pesquisados, o resultado negativo da produção industrial do Paraná foi determinado por quatro atividades, que têm peso maior na composição do indicador: alimentação, máquinas e equipamentos, edição, e impressão e madeira.
De acordo com o economista André Macedo, do IBGE, a queda de mais de 15% na produção da indústria de alimentos foi puxada pelo setor de açúcar e álcool e pela redução dos abates de carne bovina. O gerente industrial do Garantia Agropecuária Ltda, de Maringá, Décio Barbosa da Silva, diz que desde outubro o abatedouro está trabalhando com 20% da capacidade por causa das suspeitas de ocorrência de febre aftosa no rebanho bovino. "Historicamente, nos meses de outubro a média de abates é de 25 mil cabeças, mas abatemos só 7,5 mil", informou Décio.
O Garantia exporta 90% da produção, mas desde que começaram as notícias sobre a febre aftosa, em 21 de outubro, os embarques para o exterior não chegam nem a 10% do total produzido, disse o gerente industrial. "Apenas conseguimos embarcar dois contêineres para o Líbano."
No caso do açúcar e álcool, a queda se deve à quebra da safra da cana-de-açúcar. Segundo o presidente da Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná (Alcopar), e diretor da Coopcana, de São Carlos do Ivaí, Anísio Tormena, com a quebra da safra a produção de açúcar e álcool deste ano foi reduzida em 20%. "A indústria sucroalcooleira fez investimentos para produzir o equivalente a 31 milhões de toneladas de cana, mas acabou produzindo 6 milhões de toneladas a menos. Com isso a dispensa de funcionários começou antes do tempo", lamentou Tormena.
A queda de 30,8% na produção da indústria de edição e impressão é atribuída à base de comparação elevada registrada em outubro de 2004. "No ano passado houve um número grande de encomendas de livros por parte do governo federal, o que não se repetiu este ano", explicou o economista do IBGE.
O câmbio desfavorável prejudicou as exportações de madeira, e fez com que o setor reduzisse a produção em 25,22%. Já a quebra da safra agrícola 2004/2005 continua afetando a indústria de máquinas e equipamentos. Em outubro, o setor reduziu a produção de tratores e colheitadeiras em 24,07%.