Reguladores do mercado acionário nos Estados Unidos abriram nesta sexta-feira (15) processo contra operadores não identificados sob suspeita de informações privilegiadas relativas a opções de compras de ações da H.J. Heinz antes do anúncio de aquisição da companhia. A Heinz foi comprada ontem pelo grupo brasileiro de investimentos 3G Capital, que já havia adquirido o Burger King.
A compra foi feita em conjunto com o fundo de investimento Berkshire Hathaway, do bilionário Warren Buffet, em um acordo de US$ 28 bilhões. O negócio ainda está sujeito à aprovação dos acionistas da Heinz e autoridades regulatórias dos Estados Unidos. A transação envolverá aportes dos novos investidores e um compromisso para assumir dívidas. A previsão é que ela seja concluída no terceiro trimestre.
O processo aberto nesta sexta informa que as opções geraram mais de US$ 1,7 milhão em lucros não realizados antes de a fabricante de ketchup ter anunciado o negócio.
A Securities and Exchange Commission (SEC, equivalente à Comissão de Valores Mobiliários no Brasil) também disse que havia obtido um mandato judicial de emergência para congelar os ativos uma conta em Zurique, Suíça, utilizada para receber os alegados lucros com os negócios.
Negócio
A empresa norte-americana tem sede em Pittsburgh - o local será mantido - e foi fundada em 1869. Com cerca de 32 mil funcionários, atua em mais de 200 países e vende mais de 650 mil garrafas de ketchup por ano. O grupo também é dono da marca de restaurante Friday's e fabrica alimentos para bebês. Nos últimos oito anos, conseguiu elevar suas vendas até alcançar US$ 11,6 bilhões em 2012. No Brasil, a Heinz detém a marca Quero Alimentos, depois de ter fechado a compra de 80% da companhia, por R$ 1 bilhão, há cerca de dois anos.
O grupo 3G Capital foi fundado pelos sócios brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Sicupira, que são acionistas da maior cervejaria do mundo, a Inbev.
O negócio que criou a cervejaria belgo-brasileira teve participação fundamental do grupo e permitiu mais adiante a compra da Anheuser-Busch, dona da marca Budweiser, outro ícone do mercado norte-americano. Em 2010, o fundo fechou a compra do Burger King em um acordo de US$ 4 bilhões. O negócio com a Heinz é visto como complementar ao da cadeia de restaurantes. Pela participação nesses negócios, Lemman acumulou uma fortuna estimada em US$ 19 bilhões e aparece hoje como o brasileiro mais bem colocado no ranking mundial de bilionários elaborado pela Bloomberg, na 37º posição.