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Investimento

Agência de classificação de risco S&P rebaixa nota do Brasil

A agência internacional de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) reduziu nesta segunda-feira (24/03) a nota de avaliação do Brasil de "BBB" para "BBB-". Apesar da queda, a nota do país continua no chamado grau do investimento - ou seja, de mercado considerado seguro para se investir. Mas está no menor nível dentro desse patamar, segundo os critérios de análise da agência.

Segundo a agência, a redução reflete a combinação da situação fiscal difícil no Brasil e uma piora nas contas externas. De acordo André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, o rebaixamento não foi uma surpresa. "Investidores já esperavam que isso ocorresse em algum momento, o que, de certa forma, já vinha sendo embutido nos preços dos ativos brasileiros [como ações e juros]."

Ainda na avaliação de Perfeito, a mudança da nota mostra a desconfiança da agência de risco na capacidade do governo de cumprir o que tem prometido na área fiscal e, principalmente, as políticas conflitantes na área econômica. "Temos, por exemplo, uma política fiscal frouxa [muitos gastos do governo] e uma política monetária apertada [aumentos constantes da taxa de juros para tentar conter a inflação]", diz.

Mas o economista ressalta um aspecto considerado positivo no anúncio de hoje da S&P: o fato de que a perspectiva para a nota do país, agora, passou de "negativa" para "neutra". "Isso quer dizer que o Brasil tem cerca de um ano, tempo em que a agência costuma reavaliar as notas, para mostrar que consegue fazer os ajustes de que precisa."

A expectativa de um possível rebaixamento se arrasta desde o ano passado. Na última semana, representantes da S&P se reuniram com membros do governo para discutir as perspectivas das contas públicas.

A S&P foi a primeira agência a elevar o Brasil ao nível de grau de investimento, em 2008, tirando o país da lista de economias consideradas "especulativas". Em junho do ano passado, a companhia colocou a nota brasileira em observação, com possibilidade de rebaixamento.

Apesar das críticas aos erros das agência de risco na crise econômica mundial, essas avaliações ainda servem de parâmetro para grande parte do mercado internacional.

ETF do Brasil vira após S&P e cai mais de 1,5%

Um dos principais fundos de índices (ETF, na sigla em inglês) do Brasil sentiu rapidamente o baque do anúncio do rebaixamento do rating brasileiro nesta segunda-feira. O iShares MSCI Brazil Index, mais conhecido pela sigla EWZ, virou completamente após a notícia e, depois de subir mais de 1% durante o pregão, perde mais de 1,5% no after market.

De acordo com as cotações da Bolsa de Nova York, o ETF brasileiro era negociado às 19h (de Brasília) com queda de 1,57%. O desempenho pode ser uma amostra do comportamento da Bolsa de Valores de São Paulo amanhã.

A tendência de queda observada na última meia hora é completamente contrária ao movimento observado no pregão tradicional, antes da decisão da S&P, quando o ETF terminou com valorização de 1,18% em um movimento que acompanhou o Ibovespa. Em São Paulo, o principal índice da bolsa brasileira terminou o dia em alta de 1,29%.

Segundo os gestores, entre os papéis com maior peso no fundo de índice brasileiro estão Itaú Unibanco (7,96% da carteira), Ambev (7,91%), Petrobras (5,97%), Bradesco (5,78%) e Vale (5%).

Ministério da Fazenda diz que rebaixamento é inconsistente com economia

O Ministério da Fazenda classificou de "inconsistente" e "contraditória" com os fundamentos da economia brasileira a decisão da agência de classificação de risco Standard and Poor's de cortar, nesta segunda-feira, o rating de crédito do Brasil.

"A decisão da agência Standard & Poor's (S&P) de alterar a classificação de risco do Brasil é inconsistente com as condições da economia brasileira. A mudança anunciada é contraditória com a solidez e os fundamentos do Brasil", disse o ministério em nota.

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