A agência Carlos Gomes do Banco do Brasil, no Centro de Curitiba, teve suas portas fechadas para o atendimento aos correntistas nesta sexta-feira (6) por volta das 15h, causando tumulto e revolta entre os clientes. Cerca de 30 pessoas ficaram aguardando no hall da agência, onde ficam os caixas eletrônicos, sem saber inicialmente o motivo do fechamento e pedindo explicações aos seguranças, que impediam a entrada de pessoas. A caixa onde as pessoas colocam os objetos de metal foi travada, impedindo que os correntistas passassem pelo detector de metais.
Grávida de 7 meses, a passadeira Neusa de Lourdes Vaz aguardava em pé para tentar descontar alguns cheques. "Não tenho nem dinheiro para a passagem de ônibus para casa e eu teria preferência no atendimento por causa de minha gravidez", disse a passadeira.
Idosos também esperavam em pé uma possível reabertura da agência. Osmar Amaral queria sacar a aposentadoria para pagar as contas do mês. José Modesto queria sacar o dinheiro do benefício para fazer um exame urgente de saúde, por suspeita de ter tido uma infecção ao ser mordido por um cachorro.
O fechamento antecipado do banco prejudicou o trabalho do estagiário de direito Leonardo Hilbert. "Eu vim fazer o pagamento de um alvará de soltura de um cliente do escritório de advocacia, mas agora ele (o cliente) vai acabar tendo que passar o final de semana na cadeia, pois o fórum fecha às 17h. Vou colocar num ofício que a agência estava fechada", afirmou Hilbert.
Os clientes que saíam afirmavam que o banco, antes do fechamento das 15h, estava bastante lotado, mas que a agência estava quase vazia naquele momento, pouco depois das 16h. Por volta das 16h30, os clientes resolveram fazer uma lista de pessoas que estavam no local para tentar um processo contra o banco pelo não-atendimento. Policiais militares chegaram na mesma hora para tentar explicar a situação para os clientes.
Às 16h45, um dos gerentes da agência desceu até a entrada para falar com as pessoas que aguardavam. Ele acusou que uma das pessoas que estavam na fila teria batido no vidro da entrada do banco. O gerente concordou em analisar cada caso e atendeu algumas das pessoas que estavam aguardando, como a grávida e os aposentados.
A assessoria de imprensa do Banco do Brasil disse que o banco optou por abrir a agência mesmo com a falta de dinheiro causada pela greve dos transportadores de valores, pois algumas transações sem dinheiro físico poderiam ser feitas e no caixa estaria circulando o dinheiro que recebia. Um cliente dentro do banco teria se exaltado por causa da falta da moeda nos caixas. A assessoria afirmou que o cliente teria razão em se exaltar, mas o banco não teria muito o que fazer. Por ter muita gente dentro da agência, a gerência teria optado em organizar a entrada das pessoas para que fossem atendidas gradualmente.
O banco alegou que os comerciantes, maior fonte de entrada de dinheiro nas agências, não estariam fazendo depósitos, diminuindo o caixa movimentado no local. A assessoria afirmou que o banco foi prejudicado pela greve dos vigilantes, mas que concorda com o direito dos correntistas se revoltarem.
A greve dos vigilantes foi encerrada após um acordo entre trabalhadores e patrões, na tarde desta sexta-feira, após o fim do expediente bancário.