Zona do euro
Itália anuncia novas medidas para não se tornar a bola da vez
O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, afirmou ontem que o país vai acelerar o cronograma da sua consolidação fiscal e introduzir uma emenda para equilibrar o orçamento na sua Constituição, como parte de um acordo com a União Europeia. O Parlamento da Itália, que entraria em recesso até o começo de setembro, decidiu adiar as férias e trabalhará na próxima semana para debater as reformas constitucionais urgentes.
Segundo o jornal Corriere della Sera, o presidente da Camara Baixa, Gianfranco Fini, disse que a casa concordou em adiar o recesso depois de um telefonema do ministro da Economia, Giulio Tremonti. As comissões parlamentares irão trabalhar em uma emenda constitucional exigindo um orçamento equilibrado, um velho objetivo de Tremonti. O trabalho das reformas, contudo, será feito pelos comitês e não por todos os deputados e senadores. A expectativa é de que as reformas estejam prontas para serem votadas no começo de setembro.
Uma autoridade, que pediu para não ser identificada, disse ao jornal britânico Financial Times que as medidas incluem ainda uma mudança constitucional que forçaria "profissões excessivamente reguladas" a liberalizar serviços, uma série de reformas de gastos sociais e outras reformas estruturais para acelerar a estagnada economia italiana. Cortes no "custo da máquina política" incluindo os salários de funcionários comissionados e subsídios aos partidos políticos também estavam planejados e foram obtidos em acordo com líderes sindicais na quinta-feira.
Títulos da dívida
Ontem, a diferença no pagamento de juros entre títulos da dívida italiana e da alemã de dez anos ultrapassou a diferença de retorno dos papéis da Espanha em relação à Alemanha, colocando a Itália, terceira maior economia da zona do euro, no centro da crise da dívida soberana. As medidas começaram a ser anunciadas em Milão perto das 20 horas tarde demais para os mercados europeus, mas ainda em tempo de animar as bolsas nos Estados Unidos e no Brasil. Berlusconi também disse que os ministros de finanças e economia dos países do G-7 se reunirão nos próximos dias para discutir a crise financeira mundial.
O pacote foi o primeiro recuo de Berlusconi, que até então culpava "especuladores" pelo aumento acentuado dos juros exigidos por investidores para rolar títulos da dívida italiana, que já chega a 120% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
A agência de classificação de risco Standard & Poors rebaixou, pela primeira vez na história, o rating de crédito soberano de longo prazo dos Estados Unidos de AAA para AA+. O rating da dívida de curto prazo dos EUA foi mantido inalterado em A-1+. Tanto o rating de curto prazo como o de longo prazo foram retirados do CreditWatch negativo, no qual haviam sido colocados em 14 de julho; a perspectiva do rating de longo prazo permanece negativa.
Ao longo da sexta-feira, já havia rumores de que a nota da dívida norte-americana seria rebaixada. Mas a agência segurou a divulgação do "downgrade" porque funcionários do Tesouro norte-americano encontraram erros na análise da S&P e contestaram-na sobre a receita do governo e a situação do déficit público do país. A agência teria reconhecido o erro, mas decidiu manter a decisão de rebaixar a dívida norte-americana, que era classificada como AAA desde 1917, o que permitia que o país tomasse emprestado recursos a uma taxa de juros mais baixa. O rating AAA significa que o governo é considerado estável e seus títulos, seguros.
"O rebaixamento reflete nossa opinião de que o plano de consolidação fiscal com que o Congresso e o governo concordaram recentemente fica aquém do que, em nossa visão, seria necessário para estabilizar a dinâmica de médio prazo da dívida. Mais amplamente, o rebaixamento reflete nossa visão de que a eficácia, a estabilidade e a previsibilidade das instituições políticas e formuladoras de políticas dos EUA enfraqueceram, num momento de desafios ficais e econômicos, a um grau que prevíamos quando atribuímos uma perspectiva negativa para o rating, em 18 de abril de 2011", disse a S&P.
Perspectiva
O inédito rebaixamento pode provocar ondas de choque nos mercados financeiros de todo o mundo e, possivelmente, prejudicar o crescimento da economia global. A notícia poderá provocar um movimento de venda de ações norte-americanas e do dólar na próxima segunda-feira, mas, paradoxalmente, poderá haver fluxos nos dois sentidos no caso dos títulos da dívida dos EUA. Alguns investidores poderão se ver obrigados a vender Treasuries, por terem de manter apenas ativos com rating AAA em suas carteiras; mas o movimento de venda de ativos de maior risco também poderá puxar investidores de volta para os títulos do Tesouro, que são vistos como "refúgio seguro global" em momentos de turbulência. Poucos mercados têm a profundidade e a liquidez do mercado de Treasuries, que totaliza US$ 9,3 trilhões.
Para os investidores, uma preocupação será a repercussão nos mercados globais. As taxas de retorno dos títulos do Tesouro dos EUA vêm sendo há muito tempo usadas como referência para uma variedade de juros, desde crédito ao consumidor até finanças corporativas. Por isso, se o rebaixamento elevar o custo para tomada de crédito do governo dos EUA, o mesmo poderá acontecer com outros mercados, à medida que os investidores se desfaçam de ativos que considerem de maior risco.
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