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O ciclo migratório do Brasil para o Japão se acelerou a partir de 1990, quando a Dieta (o parlamento japonês) aprovou a concessão de vistos especiais para os descendentes de japoneses, os nikkeis. A população brasileira em solo nipônico aumentou rapidamente até 1997, quando começou a primeira crise de emprego entre os dekasseguis. Depois disso, ela voltou a crescer, chegando a aproximadamente 325 mil pessoas no fim de 2007.

Uma das particularidades da imigração brasileira para o Japão é que ela se estruturou muito rapidamente. O sistema de recrutamento, financiamento e recolocação foi organizado em poucos meses pelos primeiros imigrantes, em geral da primeira geração, que voltaram para o país de origem antes da mudança legal de 1990. Logo apareceram agências no Brasil que faziam contato com empreiteiras no Japão e financiavam a passagem aérea em troca de uma comissão. As empreiteiras eram contratadas pelas fábricas para fornecer mão-de-obra temporária, sem vínculo empregatício direto, também em troca de um porcentual sobre o salário dos dekasseguis.

Mas a recessão fez com que sumissem as vagas para quem quer ir para o Japão. O gerente da Genki, uma agência paranaense com representação em Curitiba, Londrina e Maringá, diz que eram recrutadas até 30 pessoas por mês antes da crise. Agora, são de cinco a dez pessoas – geralmente para funções em fábricas de alimentos, que pagam salários menores. "Às vezes as vagas aparecem porque as empresas ficam em lugares mais afastados, ou porque temos um contato antigo", comenta Ricardo Camargo, gerente da Genki em Curitiba. Camargo diz que quem está indo agora ainda poderá economizar – menos, porém, do que nos tempos áureos de emprego e horas extras fartas na indústria automotiva.

Segundo Marcos Sakaki, gerente da Nippon Service, outra agência de Curitiba, a tendência é que as contratações nas fábricas voltem apenas depois de abril. "Em autopeças e eletrônicos, vai demorar até 2010 para os empregos voltarem. E as empresas vão ser muito mais exigentes. Não vai dar para escolher serviço ou região", diz. A Nippon Service tem mandado, em média, cinco pessoas por mês para o Japão – eram até 20 antes da crise.

O cenário para o recrutamento de nikkeis é tão ruim que uma grande empreiteira japonesa decidiu fechar o escritório que mantinha em São Paulo. "Contratávamos até 40 pessoas por mês e agora estamos completamente parados", diz o gerente do escritório, que pediu para não ser identificado. "Hoje, sem uma vaga garantida, é besteira ir para o Japão." (GO)

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