O Conselho de Administração da cervejaria britânica SABMiller aceitou nesta sexta-feira (29) a proposta de compra por parte da gigante AB InBev, de capital belga e brasileiro, na que se anuncia como uma das maiores aquisições da história.
O Conselho de Administração da SABMiller indicou em um comunicado que “prevê por unanimidade” recomendar aos seus acionistas que aceitem a transação, que confere à SABMiller um valor de mercado de 79 bilhões de libras (US$ 103 bilhões).
Na terça-feira (26), a AB InBev havia aumentado a oferta por sua rival, compensando parcialmente a desvalorização da libra esterlina provocada pelo Brexit. A nova oferta apresentada foi de 45 libras por cada ação da SABMiller, uma a mais que na proposta anterior.
AB InBev, maior cervejaria mundial, comemorou a decisão de sua até então principal rival e expressou a vontade de concluir “o quanto antes” a operação.
Desde a primeira aproximação, “muitos fatores afetaram o valor da proposta, sobretudo o impacto do voto a favor do Brexit sobre a libra esterlina”, admitiu o presidente da SABMiller, Jan do Plessis, citado no comunicado. “Isso dificultou a decisão do Conselho Administrativo, e acreditamos que a oferta final de 45 libras por ação se situa dentro do limite que consideramos aceitável”, acrescentou.
A cervejaria belga e brasileira, que comercializa, entre outras, as marcas Budweiser e Stella Artois, busca com a aquisição expandir seus mercados na África e na China.
Caixa
Pouco antes do anúncio desta sexta-feira, a AB InBev comunicou lucros em alta no segundo trimestre, embora com resultados decepcionantes no Brasil, às vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio.
O Ebitda (antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) da empresa com sede na cidade belga de Lovaina foi de US$ 4,011 bilhões no período abril-junho, em alta de 4,03% em relação ao mesmo período de 2015.
Em volume, as vendas caíram 1,7%, afetadas pelo mau desempenho no Brasil, onde o ambiente de negócios é afetado pela recessão econômica, instabilidade política e pelo vírus da zika.
“O segundo trimestre de 2016 voltou a demonstrar solidez em matéria de volume no México e uma melhora contínua de nossos resultados nos Estados Unidos, mas nossas atividades no Brasil e na Argentina permaneceram sob pressão devido às condições econômicas desfavoráveis”, disse a multinacional.
A AB InBev revisou consequentemente em baixa suas previsões no Brasil, sem expectativa de aumento das vendas, apesar dos Jogos Olímpicos de agosto, um evento que costuma estimular o consumo de cerveja.
A empresa também anunciou custos financeiros de US$ 1,766 bilhão “relacionados à cobertura de risco cambial” de sua proposta para assumir o controle da SABMIller. A volatilidade cambial se acentuou após a votação britânica a favor da saída da União Europeia (UE).