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Produtores rurais do Paraná querem reduzir em 30% a área plantada no estado. Seria uma resposta ao Plano Safra 06/07 e ao pacote de apoio à crise agropecuária, anunciados na quinta-feira pelo governo federal e considerados insuficientes pelo setor. Em tese, a proposta de reduzir a produção tem como objetivo equilibrar oferta e demanda, aumentar a cotação dos produtos e, assim, equacionar os custos no campo. Na prática a medida pode causar desabastecimento e comprometer ainda mais a renda no campo, já prejudicada pela desvalorização do dólar frente ao real.

A posição foi tomada ontem durante uma assembléia da Comissão de Crise da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep). Reunidos em Curitiba, mais de 200 produtores de todo o estado decidiram ainda encerrar os bloqueios em rodovias e ferrovias, mas planejam fechar portos em manifestações futuras. Eles permanecem em estado de alerta e aguardam uma posição da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Em reunião da diretoria, que acontece amanhã, em Brasília, a CNA vai apreciar as sugestões apresentadas pelos produtores paranaenses. Outra deliberação da assembléia da Faep é que qualquer novo movimento deve ter caráter nacional – por isso a necessidade de aprovação pela CNA.

Se a redução de 30% obedecer a mesma proporção no Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), somente no Paraná o impacto pode chegar a R$ 9 bilhões. Em 2004, o VBP foi de R$ 29,2 bilhões no estado. Os números de 2005 ainda não foram divulgados, mas calcula-se que será ao menos 10% menor que no ano anterior. O estado cultiva aproximadamente 7 milhões de hectares (safras de inverno e verão), sendo quase 4 milhões somente com soja – que responde por metade da produção agrícola do Brasil, estimada em 121 milhões de toneladas.

Para o presidente da Faep, Ágide Meneguette, "isso mostra o desespero do produtor" diante de um pacote que não resolve o problema. Segundo o dirigente, "com o dólar a R$ 2 não tem setor que sobreviva". Na avaliação dele, houve avanços no Plano de Safra, como a inclusão do seguro rural, mais recursos para comercialização e em medidas estruturais, que podem reduzir os custos. Mas "os agricultores não estão em condições de arrumar as finanças para alcançar o excelente Plano de Safra que o Governo anunciou. É preciso alongar os débitos em pelo menos 20 anos."

Luiz Eduardo Pilatti Rosas, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Ponta Grossa, é o retrato da perda de renda que atinge o campo. "Tinha sete funcionários, hoje estou com o caseiro e meu gerente está no aviso prévio", diz o produtor, que dispensou os funcionários porque decidiu não plantar trigo no inverno e assim baixar custos na propriedade. "Hoje custa mais caro produzir do que vender. Não tenho certeza se vou conseguir plantar a próxima safra", explica o dirigente que, a princípio, dispensou os empregados por um período de 4 a 5 meses. Ele votou pela redução da produção.

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