A três semanas do início do plantio da safra de verão, os meteorologistas prevêem a ocorrência de estiagens durante os meses de cultivo de milho e soja no Paraná. "O volume de chuvas vai ficar próximo do normal, mas a La Niña deve trazer irregularidade, com períodos de mais de dez dias sem precipitações", afirma o meteorologista Lizandro Jacobsen, do Simepar.

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O problema se agrava pelo fato de agosto ter sido um mês seco. As chuvas ficaram entre 10 e 30 milímetros no mês passado. Eram esperados de 40 a 150 milímetros, com base nos históricos de cada região. A única região que teve chuvas dentro do normal nas últimas semanas foi o Sul, de Palmas a União da Vitória, com cerca de 50 milímetros, segundo o Simepar.

Os produtores terão de aproveitar as chuvas previstas para o início da primavera, que começa em 23 de setembro. "É natural que volte a chover neste período, mas a tendência é de irregularidade daí por diante", diz Jacobsen.

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Nos próximos dias, a preocupação é com a ocorrência de geadas sobre o trigo. A meteorologia indica que ainda há possibilidade de congelamento do orvalho por mais duas semanas. Uma frente fria é esperada para o final da semana que vem. A chance de geada, no entanto, é considerada baixa.

Enquanto a equipe do Simepar considera que é necessário mais um mês como agosto para confirmar a La Niña, outros especialistas dizem que o fenômeno já se configurou. "A La Niña já chegou faz algum tempo. O que são os furacões registrados no Hemisfério Norte e a falta de chuva no Sul?", diz Luiz Renato Lazinski, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O meteorologista considera que praticamente toda a região centro-sul do Brasil, de Santa Catarina a Minas Gerais, enfrenta precipitações abaixo do normal.

Ele afirma que em novembro e no início de dezembro as chuvas devem ficar abaixo da média. "Os modelos de previsão climática mostram essa tendência. O clima será pior para a agricultura que o observado na safra passada."

As mudanças climáticas exigem mais pesquisas e políticas públicas para a adaptação da agricultura aos quadros adversos, afirma o engenheiro agrônomo Carlos Gustavo Tornquist, especialista no assunto. Ele considera que o aquecimento global provocou elevação de 0,7ºC nas temperaturas médias brasileiras em 50 anos e que, em termos globais, essa elevação levou um século. A estimativa é de que, nos anos sem La Niña, o aquecimento provoque cada vez mais chuvas no Paraná, alterando o zoneamento agrícola e exigindo cultivares adaptadas. (JR)