As chuvas das últimas semanas melhoraram a situação dos reservatórios de hidrelétricas em todas as regiões brasileiras. Mas não foram suficientes para livrar o país da dependência de usinas térmicas, que devem continuar ligadas por muitos meses, provavelmente até o fim do ano.
Desde o fim de fevereiro, o nível dos lagos da Região Sul passou de 42,2% para 59,6% de sua capacidade máxima, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). No Nordeste, os reservatórios subiram de 41,8% para 42,5%. No Norte, de 75,5% para 93%. E, no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o mais importante do país, o avanço foi de 45,3% para 52,4%.
Com mais água armazenada nas barragens, a geração de energia termelétrica pôde ser ligeiramente reduzida. No mês passado, as usinas térmicas movidas a combustíveis fósseis como gás natural, carvão, diesel e óleo combustível chegaram a garantir 20% do fornecimento de energia. Nos últimos dias, esse índice oscilou entre 17% e 18%.
Ainda assim, o uso de termelétricas continua muito elevado: um ano atrás, quando não havia maiores temores em relação ao suprimento de energia, essa fonte respondia por mais ou menos 7% do abastecimento.
Período úmido
As usinas emergenciais entre elas, a paranaense UEG Araucária continuam ligadas e funcionando quase em plena capacidade porque, apesar da melhora recente, os níveis dos reservatórios ainda não asseguram o suprimento futuro de energia. E o chamado "período úmido", que vai de outubro a março, está chegando ao fim. A tendência, portanto, é de chuvas mais moderadas nos próximos meses.
No subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que concentra 70% da capacidade de armazenamento do país, as águas estão nas marcas mais baixas para esta época do ano desde 2001, o ano do racionamento. Na última década, os lagos desse subsistema chegaram ao fim do período úmido ocupando pelo menos 75% de sua capacidade máxima. Desta vez, estão abaixo de 55%.