O secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurria, voltou a afirmar nesta quinta-feira (5) que é fundamental que o governo avance no processo de ajuste fiscal a fim de estancar o crescimento acelerado da dívida pública e reconquistar a confiança dos investidores, condições indispensáveis para que o país retome o crescimento econômico.
Para Gurria, os temores com relação à expansão do endividamento do estado brasileiro decorrem de uma constatação aritmética: sem gerar superávits e governo tem de emitir títulos da dívida cujos juros são os mais altos do mundo, situação que definiu como “um círculo muito perigoso”.
“Diferente do México, onde as taxas de juros estão em 2,7%, o Brasil paga 14,25% de juros. Então, não se trata do tamanho da dívida, mas da taxa de seu crescimento decorrente do pagamento de juros, que já representam 9% do PIB”, disse Gurria, que participou da abertura do seminário “Uma agenda positiva para o Brasil”, promovido pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
Segundo Gurria, o país tem que focar as causas dessa questão. Porque os juros estão tão altos e o país não cresce, o país está aumentado a dívida para pagar juros. E o que acontece, continuou ele, é que quanto maior a dívida, maior o risco e mais os investidores pedirão juros ainda maiores.
“É um círculo muito perigoso. E como sair desse círculo? Sinalizando ao mercado de que o país está comprometido com um processo que permita estabilizar o nível da dívida e as finanças públicas. E com isso ter o bônus da confiança dos mercados, que permitiria a redução gradual das taxas de juros cirando uma perspectiva de viabilidade fiscal”, disse.
“Momento decisivo”
Para o dirigente da OCDE, o Brasil encontra-se em um “momento decisivo”, em que estão em jogo as conquistas sociais conseguidas nos últimos dez anos: como a retirada de 25 milhões da zona de pobreza e o aumento da renda dos 10% mais pobres três vezes maior que a dos 10% mais ricos da população. Falando a empresários, Gurria destacou a importância da iniciativa privada apoiar as medidas de ajuste propostas pelo governo para a recuperação econômica do país.
“Da mesma forma que o Brasil é um parceiro chave da OCDE, é indispensável que o setor privado seja parceiro do governo federal”, disse, destacando que a produtividade do Brasil cresceu modestos 12% nos últimos dez anos, sendo que o setor industrial avançou 2%. “O setor industrial retrocedeu”, salientou ele.
O dirigente da OCDE criticou ainda o isolamento do Brasil das cadeias produtivas globais.
“No momento, entre os 40 países cujas economias são acompanhadas pela OCDE, o Brasil é o país menos integrado nas cadeias globais de valor. O que demostra quanto o país pode estar deixando de ganhar com o comércio exterior”, reforçou.
Como acontece com a maioria dos países, continuou Gurria, o Brasil também está diante do desafio de como estimular os investimentos, e, com as finanças públicas sob pressão, o setor privado tem de assumir um papel de destaque. “E ao governo cabe facilitar esses investimentos com a simplificação dos processos burocráticos, segurança jurídica e a melhoria da infraestrutura.”
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