O custo está cada vez mais alto, mas vai valer a pena mais para frente. A frase pode resumir o atual cenário econômico, em que o governo vem anunciando medidas fortes de ajuste fiscal, piorando as expectativas de inflação e reforçando ainda mais a sensação de que ela vai estourar o teto da meta neste ano. Mas os especialistas são unânimes em defender que essa é a saída para que o país volte aos trilhos para ter crescimento sustentável e preços sob controle, ainda que demore um pouco.
"Este ano é preciso fazer uma arrumação para permitir melhorias mais para frente", resumiu o economista do Itaú Unibanco Elson Teles, que vai piorar sua projeção do IPCA deste ano de alta de 6,5%, por enquanto. Segundo ele, essa "arrumação" vai permitir que a inflação oficial recue em 2016.
Em poucas semanas, a nova equipe econômica encabeçada pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento), além do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini já tirou do papel ações que cortaram subsídios e certamente vão pressionar os preços.
A mais pesada foi a decisão de não bancar mais os elevados custos do setor elétrico, passando aos consumidores a tarefa que pode levar a aumentos de cerca de 40% nas tarifas só neste ano. Tudo isso para tentar colocar em ordem as contas públicas do país, bagunçadas nos últimos anos pelos excessos de subsídios e manobras fiscais, que minaram a confiança dos agentes econômicos.
"Se o governo quiser realmente enfrentar uma escolha fiscal que exige alta de tarifas e fim de subsídios, não é possível cumprir o teto da meta [de inflação neste ano]", disse o economista-chefe do Banco J. Safra, Carlos Kawall. Ele prevê o IPCA subindo 7,2% neste ano.
Além dos preços monitorados, também têm entrado na conta das expectativas de inflação os sinais dados pelo governo de que impostos vão subir.
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