As chances de que o Brasil perca seu grau de investimento, este ano, se reduziram bastante depois das medidas de ajuste fiscal anunciadas pelo governo para que a economia retome seu crescimento. A avaliação é do banco de investimentos Goldman Sachs. Para o Goldman, contribui para essa melhor percepção do Brasil entre as agências de classificação de risco, além do ajuste fiscal, a elevação dos juros, o endurecimento das condições de crédito. Nesta terça, o presidente do banco, Gary Cohn, que visitou São Paulo, e Paulo Leme, que dirige a instituição no país, afirmaram que essas medidas devem recolocar a economia brasileira no caminho do crescimento em breve, apesar de o país estar em recessão.
“Com essas medidas, o risco de termos um rebaixamento do grau de investimento diminuiu significativamente”, diz Paulo leme.
Para ele, a política fiscal e monetária mudaram drasticamente e preparam a economia para a retomada do crescimento. Leme diz que nos próximos seis ou doze meses tende a acontecer uma reação e os investidores respondem a essas mudanças. Ele avalia que a percepção dos investidores estrangeiros do Brasil melhorou nos últimos seis meses em relação aos últimos 12 meses.
Questionado sobre a previsão de encolhimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro este ano, Gary Cohn afirmou que será um ano difícil não só no Brasil, mas também na Ásia, e nos Estados Unidos. Para ele, a economia global não está criando as condições de crescimento que se gostaria de ver. Ele diz que atualmente todos os países estão mais focados no que está acontecendo com suas próprias economias.
“Em todos lugares que vou ouço que será um ano difícil para a economia. O Brasil já está em recessão, mas isso faz parte do ciclo econômico. O país está num momento pior do ciclo econômico e outras nações estiveram nesse ponto nos últimos cinco anos, depois da crise de 2008. O que acontece aqui, não é diferente do que aconteceu em outro lugares do mundo. A diferença é que os indicadores da economia brasileira estão muito diferentes de outros países. No Brasil, os juros reais são de 7%, enquanto em outras nações são zero ou até mesmo negativos. Aqui há inflação, e países como EUA e Japão estão tentando criar inflação, sem sucesso. Mas eu acredito que muito rapidamente a economia voltará a crescer”, afirma Cohn.
Para os executivos do Goldman Sachs, o Brasil oferece muitas oportunidades de negócios, já que há ativos muitos baratos. Para eles, companhias que se ajustaram depois da crise de 2008, agora estão procurando oportunidades de crescer fora de seus países de origem. Estão olhando novos mercados, procurando oportunidades de fusões ou aquisições.
“Há 50% de companhias dos EUA e 50% de companhias não americanas muito interessadas em comprar empresas em outras partes do mundo. E no Brasil e na América Latina há muitas oportunidades para companhias que querem se expandir geograficamente. Existem muitos ativos com preços atrativos no Brasil, por exemplo no setor de energia”, diz Paulo Leme.
Para ele, o pacote de concessões anunciado pelo governo também abre oportunidades de investimentos.
“Certamente há ativos únicos. E podemos ajudar a complementar os recursos para este tipo de investimento, através de fundos”, diz ele.
Outra oportunidade de investimento no Brasil, lembrada pelos executivos, é a renda fixa. Para eles, os 7% de juros reais pagos por títulos brasileiros é extraordinária e há investidores globais comparando esse ganho com papéis alemães ou mexicanos, por exemplo.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast