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O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que ocupa temporariamente a presidência do país, afirmou nesta sexta (6) que a confirmação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia é um sinal de diálogo num mundo fragmentado de tensão política.
A declaração ocorreu em um pronunciamento pouco depois da presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, confirmar o acordo com os países do bloco durante a 65ª Cúpula dos chefes de Estado do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também participa da reunião.
“Ele é bom para o Mercosul, para os nossos países aqui do Mercosul, é bom para a União Europeia, mas é bom para o mundo. É bom para a geopolítica mundial. No momento de fragmentação, no momento de tensão política no mundo inteiro, dois grandes blocos abrirem mercado, celebrarem um tratado, uma grande parceria”, disse no Palácio do Planalto, em Brasília.
Alckmin negou que a assinatura do acordo ainda neste ano tenha ocorrido por conta da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, que já vem anunciando taxação de produtos importados. Mais recentemente, ele ameaçou taxar os produtos dos países do Brics caso seja adotada uma moeda que não o dólar para as transações comerciais.
“Qualquer que fosse o resultado da eleição americana, eu diria que o acordo caminhou bem, o entendimento avançou”, pontuou o vice-presidente.
Ele afirmou que o acordo, quando for efetivado, poderá gerar um impacto considerável para a economia brasileira, aumentando as exportações para a União Europeia de 6,7% na agricultura, 14,8% nos serviços e 26,6% na indústria de transformação.
Estudos do governo apontam, ainda, que o acordo poderá gerar um aumento de 0,34% no PIB, sendo 0,76% nos investimentos, 0,42% nos salários e redução de 0,56% no nível de preços ao consumidor em 20 anos.
“Pode ajudar a fazer o PIB do Brasil crescer mais, as exportações brasileiras crescerem mais, a renda e o emprego crescerem mais e derrubar a inflação. Então é uma agenda extremamente positiva, e após anos e anos de negociação, finalmente se celebra o anúncio deste acordo”, explicou.
Ainda segundo o vice-presidente, a expectativa é de que a resistência da França – principal país contra o acordo – será resolvida e que nenhum país poderá alterar os termos acertados.
“O acordo é sempre, é um ganha-ganha, mas onde você abre mão de alguma coisa, ganha de outro lado, tem uma vantagem comparativa aqui, tem uma dificuldade ali, mas acho que vamos superar”, completou.
O tratado cria a maior zona de livre comércio no mundo, com cerca de 700 milhões de consumidores e um PIB conjunto de US$ 21,3 trilhões. O acordo, porém, não entra em vigor imediatamente e ainda precisa passar pelo Conselho e Parlamento Europeu.