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Combustíveis

Álcool deixa de ser vantajoso

Na maioria dos postos, o álcool ultrapassa o limite de 70% do preço da gasolina | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Na maioria dos postos, o álcool ultrapassa o limite de 70% do preço da gasolina (Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo)
Confira: álcool deixou de ser vantajoso para veículos flex nos postos da capital |

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Confira: álcool deixou de ser vantajoso para veículos flex nos postos da capital

A alta no preço do álcool se acelerou nos últimos dias e, para quem tem carro flex, abastecer com o combustível deixou de valer a pena na maioria dos postos. Levantamento informal feito ontem pela Gazeta do Povo em 21 estabelecimentos da capital aponta um preço médio de R$ 1,87 pelo litro de etanol – valor 10% maior do que o da última pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), encerrada no dia 2 de janeiro, que aponta preço médio de R$ 1,70.No levantamento da Gazeta do Povo, o preço médio da gasolina ficou em R$ 2,56 por litro. Assim, o valor cobrado pelo álcool chegou a 73% do preço da gasolina. Segundo especialistas, quando essa relação passa de 70% o derivado de petróleo passa a ser mais vantajoso que o de cana. Para calcular o porcentual, há duas fórmulas práticas: uma é dividir o valor do álcool pelo da gasolina, sendo que resultados inferiores a 0,7 beneficiam o primeiro. Outra maneira é multiplicar o preço da gasolina por 0,7, e o resultado é o preço máximo que deve ser pago no álcool.Na maioria dos postos pesquisados em Curitiba, a relação entre álcool e gasolina estava acima dos 70%. Fenômeno parecido também foi verificado em outras cidades. Em Maringá, o preço do litro de álcool varia entre R$ 1,74 e R$ 1,99, enquanto em Londrina são encontrados valores entre R$ 1,79 e R$ 1,96.A disparada do álcool está fazendo com que mude o comportamento do consumidor. O taxista Sebastião da Silva foi pego de surpresa com os novos valores. "Por hábito, abasteci com álcool, mas agora notei que o preço estava muito alto e resolvi calcular. Amanhã já vou abastecer com gasolina", diz. Já a estudante Muriel Boing e a psicóloga Jenifer Sandzer costumam comparar os preços com frequência e afirmaram que já se decidiram pelo uso da gasolina.Causas

O principal fator que provoca a alta no álcool é a quebra de produção por causa das chuvas. Mesmo com a área plantada de cana tendo batido recorde no último ciclo, as chuvas constantes – que diminuem a sacarose da planta – fizeram com que a produtividade caísse cerca de 25%. Por causa disso, muitos produtores deixaram de moer a cana, esperando tempos mais secos.

"No Paraná, poderíamos ter colhido 53 milhões de toneladas, mas concluímos apenas 42 milhões. Cerca de 20% da área plantada permanece de pé, esperando a colheita do ano que vem", diz o presidente da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar), Anísio Tormena. De acordo com ele, a produção deste ano deve ser antecipada para março, quando a recuperação dos estoques tende a aliviar o preço nos postos.

Números da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica) mostram que, no país, foram deixados de produzir 1,8 bilhão de litros de etanol e 2,2 milhões de toneladas de açúcar no ano passado em função da quebra de produtividade. "Se você considerar que o consumo nacional mensal de álcool hidratado chega a 1,4 bilhão de litros por mês, percebe que deixamos de fabricar álcool para mais de um mês", explica o representante da Unica em Ribeirão Preto, Sérgio Prado.

Outro fator que estrangulou os estoques de álcool foi o aumento da demanda, com as boas vendas de carros novos, majoritariamente bicombustíveis. Além disso, muitas usinas reduziram a produção de etanol para fabricar mais açúcar e aproveitar a alta no preço internacional do alimento.

Com todos esses fatores, o presidente do Sindicombustíveis-PR, sindicato que representa os postos, Roberto Fregonese, aponta que o país ainda não tem autossuficiência para enfrentar a entressafra da cana. "A falta de combustível é péssima, ainda mais quando o governo está tentando valorizar o nosso biocombustível lá fora", avalia.A solução para a oscilação no preço, segundo os representantes do setor, é a formação de um estoque regulador. "Para equilibrar o mercado é importante dar uma lógica ao estoque, negociar contratos futuros, ou em bolsa. O nosso mercado é todo à vista, e isso é um defeito grave", diz Sérgio Prado.

Colaboraram Raphael Ramirez e July Portioli

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